Crescimento do investimento em infraestrutura

Infraestrutura como Impulsionadora da Competitividade

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Visão Geral

O atraso na infraestrutura, que caracteriza a maioria dos países da América Latina, vem gradualmente se transformando em um fator de atração para o investimento estrangeiro, que enxerga na região um elevado potencial para o desenvolvimento de grandes e ambiciosos projetos.

Devido à nova estruturação de contratos através de Parcerias Público-Privadas (PPP), o setor privado foi incentivado a assumir uma participação ativa na estruturação e no investimento de novos projetos. Por outro lado, o setor público está mais interessado em identificar e medir, de forma mais objetiva, os riscos, incluindo novos esquemas de seguro, como o Seguro de Obras Civis e o Seguro de Riscos de Engenharia.

“Após os inúmeros acidentes que vimos nos últimos anos, como quedas de pontes, deslizamentos de terra e estradas danificadas, estamos mais conscientes de nossos riscos e da necessidade de gestão deles, gerando um maior interesse por parte dos investidores estrangeiros no desenvolvimento de obras do país”, afirma Paola Andrea Alzate, Vice-Presidente de Infraestrutura da Aon Colômbia.

Por esse motivo, Paola acredita que nos próximos anos o setor de Infraestrutura e Construção estará focado na competitividade. “Enquanto o país tiver uma infraestrutura multimodal que otimiza os custos de logística, as empresas de diferentes setores melhorarão suas margens de lucro e ganharão destaque em mercados internacionais”.

Neste cenário, a Colômbia vai focar no desenvolvimento de importantes obras de infraestrutura para impulsionar a competitividade do setor, para que, por exemplo, outros setores, como a agricultura, não sofram as consequências de não ter as estradas, portos, ferrovias e aeroportos necessários para que seus produtos sejam mais competitivos no mercado internacional.

No Brasil, o cenário deverá ser um pouco diferente. De acordo com um levantamento feito pela Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, mesmo com a retomada das concessões, os investimentos em infraestrutura deverão ficar estagnados esse ano. A expectativa é de que os investimentos somem R$ 129,9 bilhões neste ano – em 2018, foram R$ 127,5 bilhões. No entanto, o baixo investimento público, também abre oportunidade para o avanço dos investimentos externos no setor. Dados da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica mostram que, em 2010, os estrangeiros respondiam por 27% dos investimentos privados em infraestrutura no Brasil, agora respondem por 70%.

Para Clemens Freitag, Diretor de Construção & Infraestrutura da Aon para América Latina, a expectativa é de que quando a situação política do país se estabilizar, os investimentos estrangeiros cresçam cada vez mais. “A probabilidade de crescimento para os riscos de engenharia em 2019 e, especialmente, em 2020 é muita atrativa”, afirma.


Análise

A situação descrita na Colômbia se repete, com as variáveis de cada país, na região da América Latina, que relata planos de investimento em infraestrutura já aprovados em mais de 472 bilhões de euros.

Os dados foram revelados no evento “Oportunidades e Desafios da América Latina”, organizado pela Aon Espanha, que contou com a participação de mais de 50 representantes das principais empresas de construção espanholas, além de especialistas de vários países da América Latina.

Os relatos da imprensa sobre o evento destacam a América Latina como uma região que continua representando muitas oportunidades para empresas e contratantes espanholas, que acreditam existir várias vantagens competitivas nesta região, sem ignorar que a amplitude, a complexidade e as peculiaridades dos países também representam importantes desafios a serem superados.

Alfonso Garcia Larríu, Diretor de Construção da Aon Espanha e EMEA, observa que “apesar da grande experiência das empresas espanholas e da afinidade com a América Latina, a região ainda apresenta muitos desafios em relação aos riscos seguráveis. Alguns estão surgindo e outros já são próprios desta região, mas ambos precisam ser gerenciados a partir de uma nova perspectiva “.

PANORAMA POR SETORES

De acordo com a experiência compartilhada pelos representantes da Aon de países como Argentina, Chile, Colômbia, Brasil, México e Peru, entre os aspectos mais recorrentes e relevantes em termos de impacto, apresentados em nível latino-americano, para o desenvolvimento adequado de obras de infraestrutura estão: o impacto das catástrofes naturais de 2017 e a situação política causada pela mudança de governo entre 2018 e 2019.

A incerteza eleitoral e as possíveis mudanças trazidas por novo governo têm impacto direto sobre a atividade econômica, a concorrência, o desenvolvimento e financiamento de projetos, explicaram os representantes. Mesmo assim, empreiteiras de nível internacional encontram na América Latina uma região com alto potencial de investimento, sendo a maior participação do mercado de empresas europeias e asiáticas.

Setores, como o de transporte, que prevê um crescimento de 5,9% nos próximos quatro anos, são amplamente impactados devido ao grande número de projetos previstos para o desenvolvimento de meios de transporte multimodal, incluindo a navegabilidade dos rios, o desenvolvimento de ferrovias, a expansão e o desenvolvimento de estradas, portos e aeroportos, entre outros.

Alguns dos projetos mais interessantes estão relacionados com a infraestrutura rodoviária da Argentina, que começou a atrair tanto empreiteiros locais quanto estrangeiros, e oferece uma carteira substancial de projetos rodoviários. Outros estão relacionados ao desenvolvimento de novos aeroportos e portos, no Brasil, capazes de satisfazer a crescente demanda que o comércio internacional exige.

Em relação aos empreiteiros europeus, eles apostam que, no Chile, o novo governo estabelecerá um novo sistema de transporte público para Santiago, que tem 125 quilômetros em novas linhas de metrô, bondes e trens urbanos.

Outro setor de desenvolvimento de infraestrutura na América Latina com alta relevância é a energia, que deverá crescer 6,74% devido ao sucesso de licitações anteriores do mercado e com importantes obras de desenvolvimento em países como Argentina, Chile e México, principalmente relacionados às usinas eólicas.

Finalmente, entre os megaprojetos a serem desenvolvidos na América Latina nos próximos anos estão a expansão do Aeroporto Internacional El Dorado de Bogotá, na Colômbia, com um investimento de 1,1 trilhão de dólares, e a construção do metrô de Bogotá, no valor de, aproximadamente, US$ 5 trilhões de dólares.

*Este artigo foi adaptado do espanhol