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O Impacto da Saúde Mental e Emocional no Bem-estar dos Funcionários

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Cenário

À medida que o impacto do coronavírus (COVID-19) repercute em todo o mundo e os governos adotam medidas de “distanciamento social” e quarentena para ajudar a deter a propagação da doença, as preocupações sobre os efeitos a longo prazo do vírus – tanto no bem-estar físico como mental – estão sendo estudadas.

O vínculo entre a saúde mental de um indivíduo e qualquer outro aspecto de seu bem-estar, desde o físico até o financeiro, tem sido debatido exaustivamente. As companhias reconhecem o impacto real que o bem-estar pode ter na saúde, assim como no rendimento e na produtividade do local de trabalho. Muitos empregadores estão entendendo a importância de abordar a questão da saúde mental dos funcionários em paralelo com outros aspectos relacionados ao bem-estar.

O impacto da saúde mental e emocional é significativo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é uma das principais causas de afastamento e afeta cerca de 264 milhões de pessoas. Enquanto isso, a economia mundial perde 1 bilhão de dólares por ano por causa da depressão e ansiedade, segundo a OMS.

“Historicamente, as companhias fingem que os problemas de saúde mental de uma pessoa não são um tema dentro do local de trabalho”, afirma Paulo Jorge, Vice-Presidente Executivo de Health & Retirement Solutions da Aon Brasil. “Agora as pessoas estão mais conscientes da necessidade de se antecipar e oferecer algum tipo de ajuda. Com a necessidade que tivemos que nos isolar em casa para trabalhar, o COVID-19 trouxe à tona a questão do bem-estar mental para os empregadores, na mesma medida que o bem-estar físico”.

Saúde mental em foco

Existe uma série de problemas que podem ter um impacto na saúde mental de uma pessoa. Isso pode incluir questões como divórcio, a cultura “sempre ativo” e seu efeito no sono, a necessidade de dar conta das múltiplas responsabilidades além do trabalho, as pressões financeiras e, para muitos, o desespero do isolamento e da solidão.

A pesquisa sobre saúde emocional da Aon de 2019 indicou que 86% dos empregadores entrevistados apontaram a saúde emocional como um dos três principais propulsores de bem-estar geral dos funcionários, enquanto que 85% acreditam que o empregador tem papel importante no apoio à saúde emocional dos trabalhadores.

“Estamos percebendo que mais empregadores estão prestando atenção na saúde mental, seja para aumentar a consciência, nas campanhas contra o estigma ou, por outro lado, para que os gestores estejam melhor preparados”, afirma o executivo. “E dado o impacto da saúde mental no nosso bem-estar geral, há muito mais trabalho por fazer”.

Trazer Nosso Ser Emocional Completo para o Ambiente de Trabalho

A angústia emocional dos colaboradores se reflete em uma série de sintomas comuns. Cada um deles pode ter um impacto no desempenho, na produtividade e na segurança no ambiente de trabalho.

• Uma noite mal dormida podem provocar contratempos ou atrasos em relação à segurança.
• A falta de concentração pode provocar procrastinação e distrações.
• A cognição lenta pode levar a indecisões e atrasos nos projetos.
• As dores e doenças podem ocasionar visitas com maior frequência aos consultórios médicos e mais gastos com a saúde.
• O esquecimento pode causar erros e omissões.
• A automedicação pode provocar perda de prazos e absenteísmo.
• A irritabilidade e as crises de choro podem prejudicar as relações de trabalho com os colegas, gestores e clientes.
• A baixa autoestima ou motivacional podem reduzir a produtividade.

“Todas as questões relacionadas ao bem-estar – financeiro, social, físico -, assim como a forma que os colaboradores lidam com suas responsabilidades diárias, serão afetadas por problemas relacionados com a saúde emocional ou mental”, afirma Violetta Ostafin, CEO de Health Solutions da Aon América Latina.

Para Toda a Sociedade, o COVID-19 Significa Um Isolamento Crescente

Um aspecto da saúde mental e emocional que recebe uma atenção particular é a solidão e o isolamento. “O afastamento está se tornando em um fator importante”, diz Paulo Jorge. “Neste momento importante, do surto do COVID-19, devemos nos distanciar dos nossos círculos profissionais e pessoais. É uma decisão incomum, mas importante que estamos fazendo em benefício do nosso bem-estar físico e social”.

Um relatório sobre Tendências 2020 da fabricante de automóveis americana Ford apontou que a solidão estava tornando-se em uma epidemia mundial, e que seu impacto na saúde física era comparável à obesidade ou a fumar 15 cigarros por dia. O estudo também informou que 43% da geração Z e os millennials disseram que as redes sociais, na maioria das vezes, causam a sensação de solidão.

A pesquisa também indicou que a solidão aumenta o risco de morte em 26% dos casos, e que as pessoas solitárias têm mais possibilidades de sofrer de algum tipo de demência, depressão ou doenças cardíacas.

Recentemente, outro estudo publicado apontou que 60% dos americanos estão sozinhos e que os trabalhadores que exercem suas funções de forma isolados têm mais probabilidade de faltar ao trabalho por conta de uma doença ou estresse, ou até mesmo se tornar mais exigente com seu próprio trabalho.

“O isolamento pode ser o causador de uma série de doenças mentais”, fala Paulo Jorge. “Uma pessoa pode se isolar como uma forma de lidar com outros problemas. O mesmo processo é válido para os dependentes químicos. O uso de substâncias pode ser um mecanismo de defesa”.

Implementação de tecnologia para uma melhor saúde mental

Embora alguns aspectos da tecnologia possam aumentar a solidão, outros estão ajudando a construir comunidades, além de permitir que os funcionários tomem as melhores decisões.

Por exemplo, algumas aplicações do mHealth permitem aos usuários interagir não somente com profissionais da área da saúde, mas também ajudam grupos de pessoas com experiências compartilhadas. Essas interações sociais podem ajudar a manter as pessoas envolvidas e sentirem-se encorajadas a fazer uma mudança de comportamento.

Na região da Ásia-Pacífico, a tecnologia já tem um papel importante na questão do bem-estar dos colaboradores. Desde o acesso da experiência do usuário até a análise, a tecnologia tem revolucionado a maneira em que os funcionários lidam com os cuidados médicos preventivos e o bem-estar.

“Os serviços de assessoramento são outra área onde as aplicações e a tecnologia de mHealth ganharam visibilidade”, agrega Violeta Ostafin. “Os empregadores podem adotar a tecnologia para oferecer aos funcionários uma orientação confidencial quando e onde precisem”.

O Impacto no Trabalho do Bem-Estar Mental e Emocional

Para os empregadores, o impacto potencial de incluir o bem-estar mental e emocional como parte de iniciativas de bem-estar mais amplos é bem significativo.

“Muitos empregadores dedicam tempo para capacitar as pessoas sobre os riscos relacionados à segurança ou à privacidade dos dados”, diz Violeta. “A saúde mental merece o mesmo nível de consideração e estratégia”.

Entre as empresas que participaram na Pesquisa de Saúde Emocional da Aon, 91% informaram que um objetivo principal em suas estratégias de bem-estar é melhorar a produtividade dos funcionários. No entanto, 80% afirmaram que mesmo acreditando no bem-estar emocional, não contam com orçamento para realizar investimentos na área.

Os empregadores disponibilizam cursos e programas de apoio aos funcionários, mas uma abordagem única não funcionará para diversos perfis. “Em vez disso, as organizações devem adaptar seus programas de bem-estar emocional e mental com base no que estão experimentando”, afirma Violeta.

“O esforço deve começar com os dados”, diz a executiva. “E, embora os dados de reclamações sejam um começo, também são necessárias informações qualitativas de funcionários e líderes da organização, para ajudar a companhia a realmente entender o bem-estar mental e emocional dos funcionários”.

A saúde mental se torna ainda mais importante em uma era de constantes mudanças. À medida que as empresas empreendem iniciativas de transformação mais amplas, o bem-estar dos funcionários, incluindo o sentido de valor que eles têm, é fundamental para ajudar a alcançar os objetivos mais amplos de uma organização.

“A experiência de um indivíduo no trabalho pode ter um grande impacto em seu bem-estar emocional e qualidade de vida”, diz Paulo Jorge. “Se os empregadores puderem ajudar os funcionários a se sentirem valorizados e alinhar seu trabalho com as funções que se encaixam em suas personalidades e objetivos de vida, isso pode ter um impacto positivo no desempenho, menos riscos e atritos, o que é fundamental em tempos de mudança organizacional significativa”.

Os planos integrados de bem-estar incluem saúde emocional e mental

À medida que os empregadores visam o bem-estar dos funcionários, é fundamental que eles incluam a parte da saúde mental e emocional em seus esforços. Como em outros aspectos do bem-estar, o foco dos esforços dos empregadores deve ser o de passar de reativo para preventivo.

“Não permita que um problema de saúde mental se torne agudo para que ele seja o estopim para considerar esse aspecto do bem-estar”, finaliza Paulo Jorge. “Os empregadores devem se perguntar: o que devemos fazer de diferente para garantir que nossos funcionários e suas famílias tenham acesso às soluções certas?”