Importância do diagnóstico precoce para o tratamento de câncer

Como as Empresas Podem Diminuir a Incidência do Câncer?

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Visão Geral

Janeiro verde, outubro rosa, novembro azul… Mais do que simbólicas, as campanhas dos meses coloridos têm o objetivo de conscientizar e atuar diretamente na prevenção de doenças, principalmente uma das mais temidas pela população mundial: o câncer.

Criada em 1990 nos Estados Unidos, a campanha conhecida como “Outubro Rosa” possibilitou que milhares de mulheres descobrissem e entendessem a importância do exame de mamografia, que captura imagens dos seios e pode identificar lesões benignas ou malignas, facilitando o diagnóstico de câncer de mama. Devido à divulgação e ao engajamento da população, a campanha cresceu e hoje vários países promovem atividades voltadas para o diagnóstico e a prevenção da doença durante o mês.

Para as empresas, a incidência de câncer entre os funcionários também é um grande problema, tanto em relação a produtividade quanto aos custos envolvidos no tratamento da doença. De acordo com o Relatório de Tendências Globais dos Custos de Saúde 2019, feito pela Aon, o câncer aparece como a doença que mais gera custos com planos de saúde para as empresas na América Latina.

Neste cenário, as empresas poderiam exercer um papel muito importante de conscientização dos funcionários e prevenção de doenças, no entanto, o cenário é um pouco diferente do esperado. Um levantamento feito pelo Instituto Provokers, 78% das pacientes entrevistadas relataram que, após receberem o diagnóstico de câncer de mama, faltou apoio da empresa onde trabalham. Além disso, 49% precisaram até mesmo abandonar o trabalho após o diagnóstico.

Sendo assim, qual papel o empregador pode desempenhar em relação à conscientização – ou até mesmo apoio – de seus funcionários?


Análise

CÂNCER NO BRASIL: UMA CURVA EM ASCENSÃO

O câncer é uma das doenças mais letais do mundo inteiro, sendo responsável por uma a cada seis mortes, e o Brasil não é exceção nesse cenário. De 2000 a 2015, o número de mortes por câncer aumentou 31% e chegou a uma taxa de 223,4 mil, tornando-se a segunda maior causa de mortes no país, atrás apenas das doenças cardiovasculares, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Embora já preocupante, a expectativa é de que o cenário piore nos próximos anos, caso nenhuma ação seja tomada. Calcula-se que até 2030, o câncer será a principal causa de mortes no país, sendo o envelhecimento da população e as mudanças de estilos de vida as maiores culpadas, de acordo com um levantamento feito pelo Observatório de Oncologia.

As projeções de um estudo da Agência Internacional para a Pesquisa do Câncer, entidade ligada à OMS, indicam que até 2040 a doença poderá sofrer um aumento de 78,5% em casos novos.

Tipos de câncer mais incidentes no BrasilHoje, o tipo mais frequente de câncer no Brasil é o de mama, com 85,6 mil casos, seguido pelo câncer de próstata, com 84,9 mil. A mesma pesquisa afirma ainda que um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres desenvolverão a doença em algum período de suas vidas. Neste cenário, Paulo Jorge Rascão Cardoso, Vice-Presidente de Health & Retirement da Aon Brasil, formado em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e com especializações na Universidade Johns Hopkins, afirma que como o câncer tem grandes possibilidades de cura em seu estágio inicial, a prevenção e o cuidado com saúde ainda são os melhores caminhos a se seguir para não fazer parte dessa estatística.

QUANTO CUSTA O CÂNCER PARA A ECONOMIA BRASILEIRA?

Que o câncer é uma das doenças que mais impactam a sociedade nós já sabemos, agora qual o prejuízo que essa doença traz para a economia do nosso país?

Um estudo feito pela Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês) analisou as perdas causadas pelo câncer à economia dos BRICS (grupo de países emergentes, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O cálculo considera o recuo na produtividade, levando em conta a renda média dos trabalhadores e com quanto eles poderiam ter contribuído economicamente até o final da carreira.

De acordo com isso, a estimativa é de que esses países concentram 42% das mortes anuais por câncer no mundo e, que juntos, somam um prejuízo de US$ 46,3 bilhões por ano. No Brasil, calcula-se uma despesa de US$ 4,6 bilhões anuais, o que equivale a 0,21% de toda a riqueza gerada.

Além disso, segundo o Relatório de Tendências Globais de Custo de Saúde 2019, feito pela Aon, a taxa anual de inflação médica brasileira gira em torno dos 17%, uma das mais altas no mundo, ficando atrás apenas de alguns países, como Argentina, Venezuela, Angola e Egito. Entre os principais motivos para o crescimento dessa taxa estão: a judicialização, o desperdício dos planos de saúde, o envelhecimento da população e os maus hábitos de vida.

Neste cenário, as empresas também acabam sendo impactadas negativamente pela doença, já que podem perder funcionários e arcar com novos processos de recrutamento, seleção e treinamento. Fora isso, o tratamento de câncer dos funcionários também faz com que as organizações tenham custos elevados devido à alta sinistralidade dos planos de saúde oferecidos. “A incidência do câncer nas vidas gerenciadas pela Aon é de 0,2%. Considerando os custos indiretos do adoecimento, é possível chegar à economia de R$ 476 mil anuais para uma empresa com mil vidas seguradas”, conclui Cardoso.

COMO AS EMPRESAS PODEM ATUAR NA PREVENÇÃO DO CÂNCER?

Devido ao impacto financeiro e social que o câncer gera nas empresas, a prevenção, bem como, as soluções para o diagnóstico e o tratamento da doença, tornam-se essenciais para a saúde das corporações. Mas como implementá-las?

Em um primeiro momento, o setor de Recursos Humanos da empresa deve atuar como conscientizador, explicando a importância do autoexame e dos exames de rotina e analisando os fatores de risco de cada funcionário. A informação é o fator principal para prevenir a doença, muita gente não sabe, mas 90% dos casos de câncer, quando diagnosticados precocemente, podem ser curados.

“A primeira coisa que a gente tem que pensar é em empoderar o indivíduo para fazer a promoção e a prevenção da sua própria saúde, minimizando os fatores de risco, como sedentarismo, tabagismo e obesidade. Com isso, ele já vai estar colaborando não só para sua qualidade de vida, mas também para sustentabilidade do plano de saúde”, explica Cardoso.

Para os colaboradores que já estiverem diagnosticados, uma forma de mostrar apoio nesse momento é oferecer assistência psicológica e, caso necessário, treinamentos para os outros funcionários saberem como lidar com a situação. Um dos principais pontos do câncer é que ele não impacta só a saúde física, mas também a saúde mental do paciente e seus amigos/familiares.

Como forma de aumentar a produtividade e o engajamento dos funcionários, as empresas estão implementando programas para melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho. De acordo com o relatório da Aon, as iniciativas de promoção de saúde mais recorrentes são: programas de detecção (89%), avaliações avançadas (70%), programas educacionais (78%) e treinamentos (62%).

Em suma, a participação das empresas no processo de conscientização e tratamento de câncer é importante e positiva, tanto para manter a qualidade de vida e o bem-estar dos funcionários quanto para mitigar os gastos e o impacto na produtividade.

FONTES

Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA

BBC Brasil

Agência Brasil