Riscos causados pelo crescimento da geração de energia eólica no Brasil

Energia Eólica: Expansão e Riscos de uma Tendência Natural

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Visão Geral

Desde a expansão do conceito de sustentabilidade, a partir dos anos 2000, muito se falou sobre a necessidade de criar um sistema elétrico que poupasse recursos naturais. A energia eólica, neste cenário, se apresentava como uma potencial alternativa, mas seus custos, consideravelmente altos na época, não permitiram uma visão a longo prazo: era uma solução cara e cada vez mais distante da inovação renovável que o planeta solicitava.

Duas décadas depois, o cenário se modificou. Hoje, preferências climáticas e avanços tecnológicos fizeram com que a energia eólica se tornasse a opção mais viável para substituir o consumo de energia hidrelétrica. Somente no Brasil, a geração de energia eólica aumentou 24% em um ano, fazendo com que o país se tornasse em 2017 o 8º polo com maior capacidade de produção. Mas como debater riscos e seguros de uma situação que depende de variáveis da natureza?


Análise

OS INVESTIMENTOS BRASILEIROS E O CRESCIMENTO DO POTENCIAL EÓLICO

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), a eólica será a segunda principal fonte de energia do Brasil em 2019. Atualmente, ela corresponde a 8,3% da potência produzida no país, distante dos 60,9% vindos das hidrelétricas, mas próximo dos 9,3% oriundos das usinas de biomassas.

Crescimento do potencial eólico brasileiroNo dia 14 de setembro de 2017, a energia eólica produzida pelas usinas representou 64% do consumo na Região Nordeste, localidade que vem atraindo investidores por conta das características apresentadas em seus ventos, considerados por especialistas como um dos melhores do mundo para a produção de eletricidade.

Segundo o levantamento da consultoria ePowerBay para a agência Reuters, os parques eólicos do Nordeste tiveram capacidade média entre 60,8% e 64,6% no último ano. É uma região beneficiada por ventos do Atlântico Sul, que geram uma capacidade registrada por um seleto grupo de países, como Cabo Verde (64%), Aruba (66%) e Curaçao (76%).

CONSTRUÇÃO DE PARQUES EÓLICOS: IMPACTOS NAS SEGURADORAS

O Brasil conta atualmente com 534 parques eólicos. A maioria encontra-se no Nordeste, sendo 137 no Rio Grande do Norte; 111 na Bahia e 80 no Ceará. Entretanto, os debates governamentais sobre os riscos ainda estão em estágios iniciais. A legislação brasileira não exige tópicos essenciais de segurança, e as construções acabam atendendo normativas já vigentes.

No país, ainda não existe um seguro obrigatório para a construção de parques eólicos, exceto pelo seguro de transporte dos equipamentos até o canteiro de obras. Por conta disso, uma prática muito utilizada é a contratação de seguros contratuais, como o Seguro de Garantia, no início da construção. Mais adiante, os Seguros de Engenharia e Construção são considerados fundamentais para o financiamento das obras. E, por fim, estão os seguros adjacentes, como o de Transportes e de Erros & Omissões (E&O).

Outra opção que também se mostra importante neste cenário é o Seguro ALOP (Advanced Loss of Profit), que cobre os prejuízos financeiros que o investidor venha a ter por causa de atrasos no início das operações da planta decorrentes de sinistros durante as obras. Nos últimos anos, a busca por essa modalidade vem crescendo cada vez mais, já que a perda de receita com a unidade paralisada pode inviabilizar toda a operação.

“O mercado de energia eólica é relativamente atraente às seguradoras. Entretanto, não se observa o mesmo apetite quando os parques já estão em funcionamento, pelo volume de sinistros que são identificados com o aumento do tempo de operação destas instalações”, explica Clemens Freitag, Diretor de Infraestrutura da Aon Brasil.

MEDIDAS PARA EXPANSÃO DA TECNOLOGIA EÓLICA

Além das vantagens ambientais, a energia eólica oferece a capacidade de atender com mais eficiência as áreas remotas ou subdesenvolvidas, melhorar o acesso à energia em geral e aumentar a confiabilidade e a flexibilidade da rede elétrica em determinadas áreas.

No Brasil, o desenvolvimento da energia eólica ocorreu na busca por alternativas após a crise energética que o país enfrentou em 2001. O potencial de geração eólica no Brasil é de cerca de 300 gigawatts, e os melhores ventos ocorrem no fim da tarde e início da noite, fora do período de maior insolação, além de estarem distribuídos entre os meses de julho e novembro.

Entretanto, esta tecnologia produtiva ainda oferece uma gama de desafios e oportunidades para sua evolução. O primeiro fator, já apontado, envolve os debates legislativos sobre o processo de construção de parques eólicos e seus seguros. Já a segunda questão também gira em torno de infraestrutura: a fabricação dos aerogeradores, que representam entre 64% a 84% do investimento total nos parques eólicos, é um desafio a ser superado para consolidar a cadeia produtiva da energia eólica no Brasil.

Entender como se apropriar da energia eólica é um debate que envolve pessoas, empresas e governos. Programas de incentivo à produção industrial, planos de apoio para vinda de organizações, órgãos regulamentadores e medidores são algumas alternativas que podem ocasionar o crescimento do debate sobre este assunto. A localização favorável do Brasil também é um aspecto a se considerar neste diálogo.

Com um aumento de 20% ao ano no país, a energia eólica transformou-se de uma situação inviável para uma alternativa retornável. Trata-se de um modelo claramente em expansão, que a cada instalação trará novas dúvidas e soluções.

FONTES

Agência Brasil

R7

The One Brief