Empregadores, Qual é a Chave para Mitigar os Custos Médicos?

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VISÃO GERAL

Muita gente pensa que apenas as gerações mais velhas se preocupam com cuidados médicos, mas a realidade aponta para algo bem diferente. Os millenials também estão interessados em ter um seguro médico que os apoie.

Um estudo da agência americana Communispace relata três fatores que esta geração considera fundamentais: manter o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, ter uma relação constante com amigos e familiares e ter um convênio médico.

Esta geração digitalmente nativa já é parte essencial da força de trabalho e está em busca de seguros mais rápidos, acessíveis, transparentes e ferramentas de fidelização, assim como o apoio dos empregadores, uma vez que os custos com cuidados médicos seguem uma trajetória de alta.

Nesse cenário, a América Latina não é exceção. Na próxima década, a previsão é que a região sofrerá o maior aumento com taxas destinadas aos serviços médicos, algo em torno de 13%. A boa notícia é que os empregadores podem contribuir para mudar essa tendência, por meio de planejamentos assertivos para os seus colaboradores, incluindo os mais jovens.

“Principalmente no Brasil, a maioria das condições médicas que geram o aumento dos preços pode ser controlada ou mitigada pelas empresas”, afirma Paulo Jorge Cardoso, Vice-Presidente de Health e Retirement Solutions da Aon Brasil.


EM PROFUNDIDADE

De acordo com o Relatório Global de Tendências de Custos Médicos 2020 da Aon, nos próximos 12 meses o aumento médio de gastos nesse setor será quase três vezes maior que a taxa média de inflação. E isso não é uma exclusividade do mercado de saúde brasileiro. As taxas médicas aumentarão em todo o mundo, excedendo seus níveis de inflação histórica em uma média de quase 5 pontos percentuais. No entanto, apesar do aumento dos custos ser global, os fatores por trás desse aumento diferem de região para região.

No caso da América do Sul, o relatório da Aon apontou a hospitalização, clínicas, laboratórios e medicamentos prescritos como os principais elementos geradores de custos médicos. Em relação às enfermidades, as principais doenças que apresentam custos médicos elevados são: câncer/crescimento de tumores, diabetes, doenças cardiovasculares, pressão alta/hipertensão e doença de nariz, ouvidos, garganta e pulmonar/respiratória.

Os custos médicos no ambiente de trabalho 

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), na maioria dos países do mundo os problemas de saúde no trabalho geram perdas de até 6% do PIB (Produto Interno Bruto). Apesar disso, outras investigações citadas pela OMS revelam que as iniciativas das empresas para promover a saúde ocupacional conseguem reduzir o absentismo por doença em até 27% e reduzem os custos por cuidados de saúde em até 26%.

Segundo o Relatório Global de Tendências de Custo Médico 2020, a América Latina é a região mais avançada em termos gerais de ações de bem-estar. “Isso se deve à maior consciência dos empregadores no planejamento de prevenção e mitigação de doenças”, explica Cardoso.

Ainda de acordo com Cardoso, um número crescente de empresas está buscando implementar estratégias voltadas tanto para a redução de custos como para a prevenção. “Esses programas são destinados a controlar as condições de saúde crônicas por meio da conscientização e educação, por exemplo. No Brasil, particularmente, estamos vendo que tais passos são decisivos para administrar a saúde e o bem-estar dos colaboradores”, acrescenta.

 Implementação do plano de bem-estar

Dados e análises, como da Aon, contribuem para que os empregadores possam incorporar estratégias preventivas, como controle de saúde e educação, em seus planos de bem-estar. Essas estratégias têm o objetivo de reduzir doenças crônicas por meio de exames físicos, revisões de detecção, alimentação saudável e programas de incentivo à atividade física, por exemplo.

Os empregadores também usam estratégias tradicionais como controlar o uso excessivo do plano médico, reduzir as redes, ajustar a cobertura dos planos e adicionar planos de benefícios flexíveis para limitar os custos das mensalidades.

Como estratégia para a redução de custos, Cardoso recomenda que os empregadores que têm muitos colaboradores concentrados em uma única localização física criem em seu complexo uma clínica com serviços médicos.

Essa é uma prática que pode cativar os millennials, grupo que hoje financia um mercado de bem-estar global de US$ 4,2 bilhões, com atividades como yoga, meditação e fitness.

Embora não haja uma única resposta para o desafio dos cuidados médicos para as novas gerações, “o papel ativo e protagonista do empregador é fundamental, já que dele depende a boa implementação de um plano de bem-estar e uma cultura de saúde em sua empresa”, conclui Cardoso.