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Diversidade, equidade e inclusão em planos de benefícios empresariais

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26 de abril de 2023


VISÃO GERAL

Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) no local de trabalho tornou-se um tema cada vez mais em evidência nos últimos anos, com empresas em todo o mundo explorando estratégias para incorporá-lo em suas práticas. Mas, para garantir que os esforços de DEI vão além do convencional, muitos empregadores estão procurando apoiar uma força de trabalho diversificada com planos de benefícios mais inclusivos e equitativos.

A Pesquisa Global de Diversidade, Equidade e Inclusão da Aon 2022 – aplicada com mais de 1.200 líderes de benefícios e DEI em 55 países e 10 diferentes setores – mostrou que 93% das empresas pesquisadas contam com apoio da alta liderança para iniciativas de DEI. Quatro temas também se destacaram como prioridade em todo o mundo: a desigualdade de renda, as necessidades de saúde relacionadas ao gênero, ajustes no atendimento a trabalhadores com deficiências e apoio à saúde mental.

EM PROFUNDIDADE

Embora nem todos os países adotem a mesma abordagem sobre DEI, a maioria dos entrevistados da pesquisa indica que o tema é de alta prioridade e uma área de interesse em todo o mundo. Além disso, ter uma política de DEI está diretamente ligado a um maior envolvimento dos colaboradores com a empresa.

Na América Latina, as questões relacionadas ao gênero, orientação sexual e etnia estão mais presentes dentre as políticas de diversidade das empresas; enquanto saúde mental, religião e status parental aparecem com menor frequência.

• 72% incluem perspectiva de gênero em suas políticas de diversidade e inclusão
• 70% das empresas contam com políticas de DE&I que abordam orientação sexual
• 64% abordam a origem ou etnia de seus colaboradores
• 60% consideram políticas para pessoas com deficiência

Renda e assistência médica equitativa

Um dos quatro temas que se destacaram no relatório é a desigualdade de renda, que impacta diretamente no acesso à saúde, e benefícios de DEI. Globalmente, 78% dos entrevistados da pesquisa da Aon disseram que suas empresas estão trabalhando para garantir a equidade salarial para todos os funcionários. Mas, em algumas delas, as políticas existentes podem indicar que os colaboradores com salários mais altos recebem cobertura adicional de saúde, enquanto seus colegas com salários mais baixos se encontram em desvantagem quando se trata de bem-estar.

“Sabemos que os funcionários com salários mais baixos normalmente enfrentam mais dificuldades em acessar as questões de bem-estar”, afirma Max Saraví, head of Health and Human Capital Solutions da Aon para a América Latina. “Isso não tem apenas um impacto direto sobre sua saúde, porque eles têm menos renda para se cuidar, mas também indiretamente, pois o acesso a cuidados de saúde de qualidade não é igual para todos, o que pode deixar certos grupos de risco e populações mais desprotegidas”, analisa.

Essas barreiras de acesso aos cuidados com a saúde e o bem-estar podem se somar e serem desvantajosas tanto para empregadores como para empregados. “As dificuldades de acesso levam a evitar os cuidados necessários e, com o tempo, resultar em um custo maior “, destaca o especialista da Aon. “Em nossa pesquisa, descobrimos que funcionários com baixa disponibilidade de atendimento médico realmente custam mais às organizações com o passar do tempo.”

Dessa forma, empregadores estão buscando maneiras de diminuir essa disparidade por meio de estratégias, como a oferta de planos de saúde com medicamentos e serviços de cuidados primários mais acessíveis ou planos de saúde baseados em salários, nos quais os funcionários de menor renda pagam menos pelo benefício. Os avanços em dados e tecnologia também têm ajudado alguns empregadores a tornarem seus planos de saúde mais equitativos.

Nessa área, os avanços pós-pandêmicos em telemedicina e tecnologias correlacionadas criaram opções. “Antes, não tínhamos acesso a toda essa tecnologia, era muito cara”, observa Leonardo Coelho, head of Health & Human Capital Solutions da Aon no Brasil. “Hoje, temos muitos fornecedores com estas tecnologias e continuamos a trabalhar com nossos clientes para encontrar novas soluções que nos ajudem a promover a equidade no acesso aos serviços de saúde, principalmente focados nos cuidados primários”.

Gênero e necessidades específicas de saúde

Outro tema importante emergente da pesquisa de DEI: os empregadores estão encontrando maneiras de apoiar as necessidades de saúde relacionadas a gênero em meio a mudanças legislativas e estruturas de saúde específicas de cada país. Em países onde a saúde é fornecida pelo governo, as empresas nem sempre são obrigadas a fornecer benefícios médicos – e se os benefícios são oferecidos apenas a pessoas com altos salários, as diferenças salariais entre os sexos também podem ser levadas em conta nas opções de planos de saúde para as mulheres.

As questões de saúde da mulher exigem características específicas nos planos de benefícios. A pesquisa Aon levantou que apenas 15% dos entrevistados na América Latina trabalham para empresas que oferecem assistência em torno da menopausa. Leonardo Coelho observa que alguns fornecedores de saúde estão tomando medidas para expandir esse apoio, com médicos especializados no tema.

Os empregadores também estão criando programas de conscientização sobre a menopausa e a fertilidade em suas culturas corporativas. “Ambos podem ser assuntos bastante tabu”, complementa. “A menopausa pode afetar as mulheres de diversas maneiras. Trata-se de educação, conscientização e tornar as pessoas esclarecidas sobre o que elas precisam fazer para apoiá-las”.

“As campanhas de comunicação associadas a estas questões são tão importantes quanto os próprios programas de apoio, especialmente quando falamos de iniciativas emergentes para garantir que todos estejam conscientes e engajados”, informa Leonardo Coelho.

Apoio aos trabalhadores com deficiência

Outro tema chave da pesquisa é a construção de ambientes mais inclusivos para funcionários com deficiências. Cerca de 85 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe têm alguma necessidade especial, equivalente a 14,7% da população total (ou um em cada três lares na região vive com pelo menos uma pessoa com alguma forma de deficiência), de acordo com um relatório do Banco Mundial. Há espaço para que as empresas façam mais avanços: 67% dos representantes das organizações pesquisadas pela Aon globalmente dizem que seus locais de trabalho proporcionam mudanças nos espaços físicos para os funcionários com deficiências.

Coelho observa que mesmo em países que têm leis para proteger os funcionários com deficiência, noções preconcebidas sobre o tema podem ser uma barreira difícil de ser superada. “Às vezes, existem estes preconceitos: as pessoas pensam que alguém não pode fazer seu trabalho por causa de uma deficiência. Há também várias deficiências que não são físicas, mas intelectuais e não são tão conhecidas, o que reforça a importância de criar uma cultura de abertura, transparência e solidariedade”.

Novas perspectivas em saúde mental

Uma última prioridade identificada na pesquisa é a saúde mental. O apoio à saúde mental varia de acordo com a região, com 25% dos entrevistados da pesquisa dos países da Ásia-Pacífico relatando acesso a um psiquiatra em comparação com 41% das empresas da América Latina.

Saraví explica que as atitudes em relação à saúde mental estão mudando nos países da América Latina, o que pode impulsionar os empregadores a buscar soluções em um mundo pós-pandêmico repleto de fatores de estresse e incerteza econômica. “A saúde mental na região tem ganhado importância a cada dia, e as pessoas falam mais sobre isso – especialmente tentando acabar com o estigma que envolve o tema. O que vemos neste momento é que as empresas estão começando a pensar: ‘Certo, preciso fazer algo a respeito da saúde mental’. Mas precisamos de uma estratégia clara”.

Embora a pesquisa da Aon indique níveis mais altos de apoio à saúde mental na América Latina, Coelho diz que ainda há espaço para fazer mais. “A saúde mental na região está ganhando importância a cada dia e as pessoas estão falando mais sobre ela, tentando remover o estigma”.

Telemedicina e terapia psicológica on-line no Brasil

A plataforma de atendimento virtual Dr. Aon 24h, disponível para a carteira de clientes da Aon no Brasil, totalizou 98.000 solicitações de atendimentos em 2022. Desse montante, 32% foram atendimentos de telemedicina.

De todos os pedidos de assistência de emergência, 94% puderam ser resolvidos por meio da plataforma, sem a necessidade de atendimento presencial. Também teve destaque na plataforma virtual as solicitações de terapia psicológica on-line, com 17 mil solicitações de janeiro a dezembro do ano passado.

“Este caso mostra que a telemedicina no Brasil pode ser uma solução muito eficaz para apoiar o atendimento médico primário (incluindo atendimento psicológico), e uma grande ferramenta para empresas que querem agir com equidade na cobertura de saúde que proporcionam a colaboradores de todos os níveis”, concluiu Coelho.