Como uma força de trabalho resiliente apoia empresas a prosperarem?
08 de março de 2023
VISÃO GERAL
O atual momento global que vivenciamos é complexo: uma combinação de volatilidade e incerteza, difícil de gerenciar. Por um lado, reflexo da pandemia, as empresas ainda enfrentam uma insegurança econômica significativa. Por outro, a demografia está mudando, o que influenciará mercados, empresas e indivíduos – o número de pessoas com mais de 60 anos passará de 12.3% da população mundial para 16.4% em 2030, segundo a Red Latinoamericana de Gerontología.
Ao mesmo tempo, as populações enfrentam as chamadas doenças de opulência: à medida que o PIB dos países aumenta, também aumenta a prevalência de doenças não transmissíveis, como diabetes tipo 2 e câncer, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estresse, isolamento e sentimento de infelicidade têm
provocado o aumento dos níveis de ansiedade (Fonte: Scientific American, WEF). A COVID-19 ampliou essas incertezas, transformando em realidade uma ameaça até então invisível.
Diante desse cenário de insegurança e instabilidade, um ambiente de trabalho que proporcione segurança e propósito pode se tornar o lugar onde os colaboradores buscam proteção e encontram pertencimento. E, no final, não há nada que as empresas precisem mais neste momento do que a resiliência de suas equipes.
Lembre-se de que a resiliência é a capacidade humana de superar situações adversas, traumáticas, trágicas, ameaçadoras, ou que são fonte de tensão significativa, como problemas de relacionamento familiar ou pessoal, problemas graves de saúde, trabalho ou situações financeiras estressantes.
Portanto, uma empresa com a consciência da resiliência, que investe em pessoas, em suas habilidades e em novas tecnologias, que prioriza sua saúde e bem-estar, pode promover uma força de trabalho mais resistente e sustentável, capaz de lidar com imprevistos.
Pensar isoladamente no bem-estar dos funcionários não é suficiente. A resiliência requer liderança disruptiva, um diálogo permanente com os colaboradores e um programa integral de bem-estar que aborde aspectos emocionais, físicos, financeiros, profissionais e sociais. Os benefícios para os empregadores são claros: de acordo com a pesquisa Rising Resilient de Aon, 93% dos funcionários classificados como resilientes dizem que gostariam de seguir trabalhando com seu empregador. Portanto, a resiliência dos funcionários deve estar no topo da agenda da empresa, pois pode ampliar o potencial de uma organização.
EM PROFUNDIDADE
A maioria dos funcionários opta por “viver para trabalhar” ou “trabalhar para viver”. O equilíbrio entre o trabalho e a vida privada é um conceito evasivo, que se busca, mas que raramente é alcançado.
Pela primeira vez, em um mercado centrado nos colaboradores, as empresas começam a entender o valor de criar uma vida profissional sustentável para seus colaboradores. Para reter e atrair talentos, devem construir um ambiente no qual as carreiras possam existir e evoluir junto e em harmonia com as vidas e compromissos pessoais. Ninguém deve sacrificar um pelo outro; este reconhecimento deve formar a base das propostas de valor para os colaboradores e para os programas implementados para beneficiá-los.
Rotatividade de talentos qualificados
A pesquisa Global Pulse de Aon, realizada em 2022, mostra que 58% das empresas tiveram mais rotatividade de profissionais técnicos qualificados e talentos com habilidades transferíveis (ou seja, habilidades e conhecimentos adquiridos por meio da experiência pessoal) do que qualquer outro nível hierárquico. 68% das organizações pesquisadas citaram o risco potencial de perda de talentos com as habilidades profissionais, digitais e tecnológicas mais essenciais como resultado dessa rotatividade.
O valor do talento com habilidades transferíveis, como tecnologia, dados, risco e conformidade normativa está em alta, potencializado por ofertas de melhores salários e outros benefícios, como flexibilidade. As empresas que priorizam a contratação e a retenção de pessoas com habilidades de alto valor e fornecem a elas os recursos e investimentos necessários para que tenham sucesso, terão uma força de trabalho de alto desempenho, capaz de suportar interrupções no mercado.
A pandemia, a volatilidade econômica global, os conflitos geopolíticos e outros fatores têm afetado as empresas e seus trabalhadores. Agora, mais do que nunca, as mudanças em qualquer parte do mundo repercutem rapidamente e afetam organizações de todos os tamanhos. Empresas que conseguem encontrar um equilíbrio entre estratégias e ações multinacionais e regionais construirão, por sua vez, uma força de trabalho mais unificada e resiliente, capaz de administrar a ruptura generalizada em economias em crise.
O formato de trabalho remoto teve um reflexo permanente sobre os colaboradores, que estão cada vez mais à procura de organizações que se alinhem com seus valores e escolhas pessoais no que tange a meio ambiente, posturas sociais e culturais. As empresas são capazes de construir resiliência quando seu público interno se sente compreendido e valorizado. À medida que os desafios tecnológicos, sociais e econômicos convergem com novas demandas, a força de trabalho deve ser a prioridade máxima.
Um exemplo de anseio de uma força de trabalho resiliente
De acordo com a recente pesquisa de saúde da Aon, os temas de bem-estar ganharam força desde a pandemia de COVID-19, e 71% dos empregadores entrevistados citam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal como a segunda questão de bem-estar mais importante (depois da saúde mental).
O vínculo direto com as práticas de bem-estar dos empregados e a flexibilidade no local de trabalho é evidente. Quanto mais as empresas adotarem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, mais felizes e saudáveis os funcionários se sentirão, o que se traduz em maior motivação, lealdade e, em última instância, mais rentabilidade.
Um exemplo dessa flexibilização é a tendência de quatro dias de semana de trabalho que está se tornando comum em inúmeros mercados, como Emirados Árabes Unidos, Ásia, partes da Europa e até mesmo em alguns lugares nos Estados Unidos. Uma empresa de tecnologia com sede em São Francisco, chamada Starship, introduziu uma semana de trabalho mais curta, que finalmente se tornou uma política permanente. “Há algumas razões óbvias pelas quais estamos fazendo isso”, disse Sean Engelking, CEO e cofundador da Starship, em um post no LinkedIn anunciando a mudança. “A primeira é que estamos fazendo mais coisas e estamos confiantes de que isso continuará. A segunda é que acreditamos que esse momento exige um foco renovado na saúde mental e no equilíbrio entre vida profissional e familiar.”
Até a Microsoft Japan, que experimentou reduzir a semana de trabalho em um dia em 2019, viu um aumento de 40% na produtividade, de acordo com o site de notícias Business Insider.
Uma empresa próspera é apoiada por uma força de trabalho resiliente
Empresas produtivas têm se esforçado para atrair e reter talentos com habilidades essenciais, que estão em falta no mercado de trabalho no momento. A crescente pressão sobre a remuneração mostra que o mercado é guiado pela força de trabalho, e os funcionários sabem disso.
Para Max Saraví, head of Health & Human Capital Solutions para América Latina na Aon, a melhor alternativa é medir o retorno do investimento e, ao mesmo tempo, o retorno sobre o valor: “Se a resiliência impulsiona oportunidades em tempos de volatilidade, então não é algo apenas complementar para o negócio principal: fundamentalmente, resiliência é o negócio. Ter a capacidade de agir rapidamente em grande escala, enquanto outros lutam para se mobilizar, abre portas. Líderes que não são capazes de vincular resiliência e negócios podem ser menos resistentes do que imaginam em tempos de volatilidade inesperada. Em contrapartida, aqueles que claramente afirmam como a resiliência se encaixa em seu core business – e usam esse entendimento para informar uma melhor tomada de decisão – podem proteger e construir seus negócios de forma mais eficaz”.
Para que as organizações prosperem no futuro em meio a possíveis interrupções, um investimento inteligente e estratégico na força de trabalho é mais do que apenas uma boa gestão de negócios; é uma oportunidade para ajudar as pessoas – e a empresa – a seguir em frente. No final, a felicidade coletiva e a segurança dos colaboradores levarão à alta performance, agilidade e produtividade dos negócios.