Aumento da inflação médica

Como os Hábitos Prejudiciais Estão Tornando os Custos de Saúde Cada Vez Mais Altos ao Redor do Mundo

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Visão Geral

Se parece que os custos com a saúde estão aumentando mais rápido do que os preços de outros produtos e serviços, é porque é verdade.

No Brasil, por exemplo, um levantamento do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) indicou que, até 2030, os gastos das operadoras com consultas, exames, internações e outros procedimentos devem chegar a R$ 383,5 bilhões, resultando em um crescimento de 157,3% em relação a 2017.

Essa alta da inflação médica deverá continuar nos próximos anos. Embora as taxas de inflação geral ainda sejam modestas na maior parte do mundo, as empresas podem esperar que os custos com os planos de saúde dos funcionários aumentem em um ritmo dramaticamente acima da inflação local em 2019.

Segundo o Relatório de Tendências Globais dos Custos de Saúde 2019, feito pela Aon, o aumento médio global dos custos de saúde será quase o triplo da taxa média de inflação geral do ano seguinte. Neste cenário, a América Latina possui uma taxa de inflação médica mais alta que o índice global, ficando atrás apenas do Oriente Médio e da África.

Concentrando-se no desenho do plano de saúde, percebemos que os custos e as aquisições são apenas parte do problema. Enquanto os hábitos prejudiciais à saúde persistirem, a inflação médica continuará a subir.

Panorama da taxa de inflação médica por país


Análise

Ao redor do mundo, cada vez mais as empresas estão oferecendo planos de saúde aos seus funcionários, com o escopo dos planos em expansão também. O lado positivo para os financiadores do plano é que as medidas de contenção de custos e as iniciativas mais rigorosas para a aquisição de produtos e serviços médicos reduzirão as taxas de tendências dos custos de saúde em 2019.

Segundo o relatório, embora as taxas médias globais – tanto bruta quanto líquida da inflação médica – estejam no nível mais baixo desde 2013, elas continuam a crescer mais rápido do que a taxa de inflação geral, com aumento de cerca de 3,1% em 2018 e previsão de 2,8% para 2019.

“Apesar das reduções, os números para América Latina e Caribe continuam bem elevados. Para 2019, estima-se que a taxa das tendências dos custos de saúde dessa região seja de 13,2%, sendo que os três maiores índices são da Venezuela, com 100.000%; da Argentina, com 25%; e do Brasil, com 17%”, afirma Paulo Jorge Rascão Cardoso, Vice-Presidente Executivo de Health e Retirement Solutions da Aon Brasil.

A Venezuela enfrenta uma forte crise econômica atualmente, o que faz com que suas taxas inflacionárias batam recordes constantemente. Já em relação ao Brasil, Rascão completa: “a taxa das tendências dos custos de saúde para 2019 é reflexo da ampliação nas provisões mínimas dos planos de saúde empresariais, como testes adicionais, novos medicamentos prescritos e tratamentos de radiação”.

Entre os diversos fatores que impulsionam o aumento nos custos de saúde mundialmente, os hábitos prejudiciais estão no topo da lista. A expectativa é de que daqui para frente, esse comportamento continue impulsionando as taxas de inflação médica, caso não haja uma conscientização geral da população.

Relação entre inflação e custos com saúde na América Latina

“Esperamos uma escalada contínua de custos devido ao envelhecimento da população global, hábitos de vida mais nocivos tornando-se mais comuns em países emergentes, mudanças de custos de programas sociais de saúde e aumento da prevalência e da utilização de planos de saúde empresariais em muitos países”, explica Wil Gaitan, Vice-Presidente Sênior e Atuário de Consultoria Global da Aon.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E FATORES DE RISCO PARA OS PLANOS DE SAÚDE

O relatório da Aon identificou os principais elementos geradores de custos para os planos de saúde.  Os mais citados ao redor do mundo foram: hospitalização, com incidência de 90% entre os países participantes; clínicas e laboratórios, com 80%; serviços médicos, 73%; medicamentos sob prescrição, 72%; e maternidade, 42%.

Em contrapartida, as doenças que mais geraram despesas médicas foram: doenças cardiovasculares, relatadas por 72% dos países participantes; câncer/crescimento de tumores, com 69%; hipertensão, 54%; diabetes, 50%; e doenças de nariz, ouvidos e garganta, pulmonares e respiratórias, 42%.

Na América Latina, o cenário é um pouco diferente. Ao invés das doenças cardiovasculares, o câncer/crescimento de tumores foi a doença que mais gerou custos para os países participantes da região, com incidência de 88%.

Os fatores de risco que mais influenciaram esse cenário ao redor do mundo, segundo as empresas participantes, foram: pressão arterial elevada, 80%; colesterol alto, 52%; sedentarismo, 48%; má nutrição, 44%; e obesidade, 43%.

Não surpreendentemente, as empresas estão tomando uma série de medidas para mitigar os custos médicos. As iniciativas mais relatadas foram: iniciativas de bem-estar, 84%; corte de gastos, 78%; restrições de acesso e entrega, 53%; redesenho dos planos, 50%; e rede de provedores de serviços de saúde, 38%.

Principais fatores de risco dos planos de saúde empresariais

PROMOVENDO A SAÚDE DO COLABORADOR

As taxas das tendências dos custos de saúde podem estar no nível mais baixo já registrado em muitos lugares, mas em relação à inflação geral elas ainda são altas. E enquanto houver populações envelhecendo, saúde em declínio, hábitos nocivos à saúde, mudança contínua de custos dos programas sociais de saúde e aumento no uso de planos de saúde empresariais, a taxa de inflação médica continuará a aumentar. Para mitigar esse aumento de custos, as empresas devem promover a saúde e o bem-estar de seus colaboradores.

“Muitos dos fatores de risco globais levam a condições crônicas com tratamentos caros, resultando no aumento dos custos médicos a longo prazo”, afirma Tim Nimmer, Atuário-Chefe de Saúde da Aon. “As empresas podem desempenhar um papel fundamental, motivando os indivíduos e suas famílias a assumirem um papel mais ativo na gestão da saúde, incluindo a participação em atividades de saúde e bem-estar e a melhor gestão das doenças crônicas”.

“Um bom lugar para as empresas começarem a enfrentar esses desafios é a otimização do desenho do plano, a estratégia financeira e os mecanismos de entrega de seus planos de saúde em todo o mundo”, explica François Choquette, Líder de Benefícios Globais na Aon. E dados e análises podem ajudar no controle dos custos médicos.

“Estamos vendo o surgimento de dados e reclamações mais sofisticadas e amplamente comparáveis em vários países”, acrescenta Choquette. “Os dados são fundamentais para as empresas que querem priorizar suas intervenções”.

Para criar uma força de trabalho mais saudável e mitigar os custos médicos, os planos de saúde devem focar em: fornecer tratamentos de alta qualidade quando necessário, facilitar o gerenciamento das doenças crônicas, prevenir acidentes e doenças, e educar e incentivar comportamentos saudáveis entre os funcionários.

“A solução a longo prazo envolve a promoção de uma força de trabalho saudável, começando com benefícios mais robustos de saúde para todos os funcionários da empresa e suas famílias”, disse Choquette.

* As médias das taxas das tendências globais e regionais dos custos de saúde foram baseadas na despesa média do seguro de saúde privado de cada país por pessoa, com ajustes arbitrários para alguns países, a fim de evitar disparidades na influência do resultado; e em um mecanismo de média geométrica.

Os números da taxa de tendência, fatores de risco e elementos de custo neste relatório referem-se a planos de saúde empresariais e seus participantes, gerenciados pela Aon e com prêmios agregados de mais de US$ 166 bilhões.

*Este artigo foi adaptado do inglês