Como a crise gera inovação: propriedade intelectual em mercados turbulentos
VISÃO GERAL
O coronavírus (COVID-19) afetou todos os aspectos da vida e dos negócios. Mas, à medida que as organizações se concentram no impacto imediato da pandemia, elas podem estar desviando o olhar das implicações para seus ativos intangíveis.
Nas últimas décadas, houve uma mudança dramática de rotação na fonte de valor para as empresas. Ativos intangíveis, que incluem propriedade intelectual (PI) de uma empresa, como direitos autorais, know-how, patentes, marcas registradas e segredos comerciais, respondem por quase 85 por cento do valor do S&P 500, ou US$ 19 trilhões, durante o ano fiscal de 2020. É uma mudança completa em relação a 1975, quando o valor da S&P atribuído aos intangíveis era de apenas 15%.
Principalmente porque nesses 45 anos, desde 1975, sofreram cinco recessões, sem contar a atual recessão econômica provocada pela pandemia.
“A classe de ativos de propriedade intelectual geralmente tem um desempenho muito bom em tempos de recessão”, disse Lewis Lee, CEO e diretor global de Soluções de Propriedade Intelectual da Aon.
Um motivo em particular é que as crises podem levar à criação de novas propriedades intelectuais, à medida que as empresas desenvolvem soluções criativas para tempos difíceis. As tendências históricas mostram que os gastos com patentes tendem a aumentar quando o mercado chega ao fundo do poço. As empresas podem tentar maximizar o valor de seu portfólio de PI existente para explorar novas maneiras de aumentar o valor geral dos negócios.
“A crise impulsiona a inovação ao forçar mudanças comportamentais”, diz Lee. “As condições nos obrigam a mudar nossos comportamentos e, com isso, haverá grandes novidades para atender ao novo normal. No lado negativo, riscos como responsabilidade de propriedade intelectual e roubo de segredos comerciais podem andar na mesma onda.”
EM PROFUNDIDADE
Em uma economia passando por dificuldades, as empresas costumam ter quatro respostas principais, com a PI desempenhando um papel em cada uma:
Economize dinheiro:
As considerações de caixa tendem a se concentrar no gerenciamento de custos. O portfólio de PI de uma empresa pode ser uma oportunidade para economizar. Ao avaliar os custos e a qualidade de seus portfólios de PI, as empresas podem identificar áreas onde podem comprar, vender e dividir ativos de forma apropriada.
“As empresas têm que fazer um inventário e uma avaliação de sua propriedade intelectual. Depois de quantificados os ativos, você pode colocá-los na mesa, vendê-los e gerar caixa ou lucro, ou ainda usá-los como garantia para financiar seu crescimento ”, afirma Sergio Torres, líder de linhas financeiras da Aon América Latina. “Sua garantia contra uma linha de crédito ou um programa de expansão pode ser um ativo digital, mas isso requer a identificação e avaliação mais precisa e forte dos ativos digitais”, disse Torres.
Busca de capital:
À medida que as empresas lutam com problemas de liquidez em uma crise, elas podem buscar fontes alternativas de capital. Isso pode incluir oportunidades de financiamento apoiadas por propriedade intelectual, monetização de fluxos de royalties futuros e programas de licenciamento de propriedade intelectual.
Proteja os balanços:
Dado o papel crescente da propriedade intelectual na determinação do valor geral da maioria das organizações, proteger e proteger esses ativos é essencial. Litígios de propriedade intelectual podem ser caros e as perdas de propriedade intelectual podem ter um impacto significativo no valor das organizações.
O valor da propriedade intelectual provavelmente não está indicado nos balanços das empresas, as convenções contábeis limitam as situações em que esses ativos podem ser registrados, diz Hinman. Em vez disso, é provável que se reflitam no valor de mercado das ações de uma empresa, desde que os investidores estejam cientes da propriedade intelectual da empresa.
“O valor da propriedade intelectual pode ser importante para uma empresa e deve ser adequadamente protegido. Ser capaz de avaliar com eficácia o risco de reivindicações de responsabilidade de propriedade intelectual de terceiros é fundamental para a condução de negócios das empresas”, afirma Hinman.
Os riscos a serem considerados aqui incluem a cadeia de suprimentos e a viabilidade do fornecedor, violação de propriedade intelectual e roubo e apropriação indevida de segredos comerciais por funcionários. Outro fator importante a se ter em mente é que os litígios de propriedade intelectual tendem a aumentar em tempos de recessão.
Como muitos funcionários foram forçados a trabalhar remotamente devido à pandemia de COVID-19, a propriedade intelectual de uma empresa enfrenta um risco maior de ataques cibernéticos e roubo de segredos comerciais. Em alguns casos, os funcionários que trabalham remotamente podem armazenar IP em dispositivos pessoais ou enviá-lo por conexões de Internet não seguras. À medida que as empresas inovam em resposta à pandemia, elas devem proteger a propriedade intelectual que estão criando, bem como os ativos existentes.
“Com a força de trabalho deslocada, o roubo de segredos comerciais vai aumentar. As pessoas vão deixar seus empregos ou haverá rotatividade, e muitos estão trabalhando em casa”, disse Lee.
Um registro de segredos comerciais pode ajudar as organizações a gerenciar riscos, permitindo-lhes identificar, catalogar e registrar seus segredos comerciais e gerenciar o acesso a eles. “Esse registro também pode oferecer suporte a seguro contra roubo de segredos comerciais. Isso mostra que a empresa pode mostrar evidências da criação de seus segredos comerciais e refletir as medidas razoáveis que a empresa toma para proteger esses ativos essenciais ”, diz Hinman.
Reimagine seu futuro:
Em meio a uma crise, as organizações precisarão reexaminar as principais iniciativas, considerar mudanças no mix de produtos e serviços oferecidos ou procurar oportunidades de fusões e aquisições ou aquisições de ativos de propriedade intelectual. “Novamente, uma abordagem de análise de IP robusta aqui pode ajudar a identificar e avaliar a qualidade e o valor da PI para tais transações”, afirma Hinman.
A propriedade intelectual desempenha um papel vital nos esforços de uma organização para se posicionar para o futuro, pois uma crise a leva a reavaliar seus negócios.
ACELERAR A INOVAÇÃO
“Você já ouviu o ditado: Nunca desperdice uma boa crise”, diz Lee. “Muitas empresas usam as crises para decidir que vão mudar de rumo. Normalmente, isso significa que você começará a ver a inovação aumentar bastante em um ciclo de baixa e, em seguida, continuar no fundo, conforme as empresas começarem a se reinventar e se reinventar. “
À medida que a pandemia COVID-19 muda a forma como vivemos e trabalhamos, o ritmo da inovação aumentará à medida que as empresas apresentarem desenvolvimentos que nos ajudem a gerenciar as mudanças diárias que a pandemia trouxe.
Já estamos vendo estes resultados: dispositivos reinventados para proteger médicos e enfermeiras enquanto cuidam de pacientes com coronavírus, dispositivos móveis de alta tecnologia equipados com câmeras que conectam com segurança pacientes hospitalares com coronavírus com suas famílias e o uso de drones para desinfecção das cidades.
Esse impulso para a inovação é importante para a região da América Latina e do Caribe, uma região que, segundo estimativas da Organização Mundial de Propriedade Intelectual, não está entre as mais inovadoras do mundo.
A cada inovação, o valor da propriedade intelectual cresce. “Com a inovação, você amplia seus canais de venda e isso é algo que hoje tem valor monetário”, explica Torres. “Um novo programa, plataforma, canal de vendas ou atendimento, um aplicativo de atendimento ao cliente, aumenta o valor da empresa e faz isso por meio da valorização de seus ativos intangíveis”, afirma.
COMPREENDENDO O VALOR DA PROPRIEDADE INTELECTUAL
Aproveitar a propriedade intelectual em uma crise requer a compreensão do valor dos direitos autorais, patentes, marcas registradas e segredos comerciais da sua organização, incluindo o impacto que as inovações podem ter em seu portfólio geral.
“Ao ver como podem obter valor de sua propriedade intelectual, como podem usá-la para alavancar financiamento, algumas empresas estão lutando para entender o valor de sua propriedade intelectual e o que possuem”, disse Lee.
Na América Latina existem dois grupos de organizações, detalha Torres: “O primeiro é aquele que está fazendo a transição do mundo físico para o digital e tem um longo caminho a percorrer. O segundo é um grupo menor, porém mais dinâmico, que possui um modelo de negócio digital e já possui ativos intangíveis quantificados por serem os únicos que possui. Esse grupo de líderes é quem dá o tom ”, acrescenta.
Compreender o valor da propriedade intelectual também é fundamental para protegê-la adequadamente. O não reconhecimento do verdadeiro valor da propriedade intelectual pode significar que as empresas envolvidas em litígios de patentes ou marcas comerciais podem sair perdendo.
Além disso, as empresas que buscam se reestruturar durante a crise devem ter uma visão precisa do valor de sua propriedade intelectual para que a reforma seja bem-sucedida.
ASSIM COMO A CRISE PROMOVE A INOVAÇÃO, A PI PODE AJUDAR AS EMPRESAS
À medida que surgem inovações em resposta à pandemia do novo coronavírus, o valor e a quantidade de propriedade intelectual empresarial aumentam. Embora a propriedade intelectual existente possa ser de vital importância para ajudar as empresas a superar a pandemia, a propriedade intelectual que desenvolverem em resposta à crise ajudará a moldar seu futuro.
“Uma vez que você pode avaliar sua propriedade intelectual, obter uma linha de base realmente boa e entender sua qualidade, justaposição competitiva e tendências, você pode usá-la para fazer todos os tipos de coisas no mercado de capitais, em termos de estratégia, risco, prudência e em termos de empréstimos. À medida que as empresas começam a identificar e aproveitar as oportunidades, é fundamental que entendam o valor da propriedade intelectual que estão criando e antecipem e mitiguem os riscos de propriedade intelectual que estão aumentando com a pandemia e a desaceleração econômica”, conclui Lee.
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