Casa automatizada controlada por smartphone

Casas Inteligentes: Quando a Tecnologia Bate à sua Porta

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Visão Geral

Imagine você estar dentro de um carro, a poucos quilômetros de sua casa e, por meio de um botão no GPS, sinalizar sua chegada em instantes. A residência então, com o seu sinal, começa a programar uma série de situações para hospedá-lo da melhor forma. O ar condicionado liga automaticamente com o objetivo de manter os cômodos na sua temperatura ambiente favorita. As luzes se acendem, as cortinas se abrem e até uma cafeteira elétrica começa a preparar um café, que ficará pronto exatamente no instante em que você abrir a porta. Parece uma cena digna do desenho “Os Jetsons”, mas o futuro narrado na animação dos anos 1960 já é uma realidade.

Denominadas de casas inteligentes, estas residências são equipadas com tecnologia de ponta para proporcionarem mais segurança, conforto e praticidade aos seus moradores.

Entretanto, a visão de um futuro tecnológico também exige cautela. Quanto mais os ambientes dependem de sistemas digitais, mais vulneráveis se tornam. Compreender as vantagens e desvantagens de um cenário em inovação faz com que todos os envolvidos – pessoas, empresas e governos – consigam traçar os melhores caminhos a seguir.


Análise

O PANORAMA DAS CASAS AUTOMATIZADAS

Conhecidas também como casas automatizadas, este conceito de lar foi surgindo conforme o desenvolvimento tecnológico mundial. Podemos considerar os anos de 1900 como precursores desta visão, com os primeiros debates de sistemas elétricos para automação residencial. Mas foi somente a partir de 2010 que este cenário ganhou força. Segundo dados do instituto americano de pesquisas ABI, em 2012 já existiam 1,5 milhão de sistemas autônomos de residências instalados nos Estados Unidos.

Aqui no Brasil, apenas 2% das residências são inteligentes, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial (Aureside), de 2017. Entretanto, os brasileiros se mostram receptivos e ansiosos pela expansão tecnológica na área.  Um estudo do instituto GFK apontou que 57% da população acredita que as smart homes, como são conhecidas em inglês, ganharão mais espaço e terão mais impacto em suas vidas nos próximos anos. Questionados sobre os tipos de tecnologia que mais lhe chamam a atenção, 80% selecionaram as relacionadas à segurança e monitoramento de residências; 78% apontaram os sistemas para controle de energia e iluminação, empatados com ferramentas para entretenimento e conectividade; e 71% selecionaram os recursos com foco em saúde.

Crescimento das casas automatizadas no Brasil

Com a população olhando o potencial das residências tecnológicas, cabe aos prestadores de serviços vislumbrarem necessidades que aparecerão neste novo cenário. Uma construtora, por exemplo, deverá entender quais alterações seus projetos residenciais necessitarão para se adequar a uma estrutura tecnológica, enquanto as seguradoras necessitarão estruturar serviços que contemplem o universo analógico e o digital.

O LADO SUSTENTÁVEL E ECONÔMICO DAS SMART HOMES

As aplicações tecnológicas nas casas inteligentes são diversas. Desde sistemas para gerenciamento de energia ou câmeras, mecanismos de comunicação integrada e até tecnologia para cuidado de crianças e animais de estimação.

Os custos também podem variar, conforme o projeto desejado. Sistemas simples de iluminação são instalados na faixa de R$ 2 mil, já plataformas com inteligência artificial para segurança e acessibilidade são encontradas com valores entre R$ 20 mil a R$ 400 mil, dependendo da quantidade de recursos existentes.

Para comerciantes e especialistas da área, a automação residencial também é sustentável e econômica. Projetos relacionados ao consumo elétrico, por exemplo, proporcionam uma redução de 10% a 30% no gasto de energia.

AUTOMAÇÃO RESIDENCIAL: MAIS CONECTIVIDADE, MAIS RISCO?

Para pesquisadores, quanto mais conectada uma residência se encontra, mais vulnerável ela está, já que todo equipamento habilitado com internet se torna um potencial ponto de entrada para hackers. “Os ataques cibernéticos são, talvez, a maior ameaça de impedimento para a Quarta Revolução Industrial”, explicou David Bowcott, Diretor Global de Crescimento, Inovação e Insight da Aon, em debate sobre cidades inteligentes. “Se não forem devidamente protegidos, esses ativos físicos agora conectados – quase vivos – podem ser usados ​​como armas”.

Desenvolvedores de tecnologias residenciais afirmam que as preocupações seguem os discursos normais de todo ambiente online, mas por se tratarem de sistemas específicos para questões de segurança, as inovações voltadas às casas inteligentes são mais protegidas do que aplicativos ou interfaces comuns.

Outra questão em debate é sobre os seguros para as smart homes. Normalmente, seguros residenciais se resumem à proteção da propriedade privada em si, ou seja, os bens. Uma casa inteligente é muito mais do que uma instalação física, ela armazena as preferências de seus moradores, seus hábitos, consumos, trajetos, rotinas, entre outras informações que, em posse de terceiros, deixariam seu usuário vulnerável. Será o caso de as seguradoras pensarem em um uma proteção que atrele a propriedade ao digital?

“Hoje, é comum pensar que segurança em um ambiente digital se resume às senhas do dia a dia, como as utilizadas em e-mails ou redes sociais. Entretanto, cada vez que a tecnologia avança, ela traz novos ambientes que começam a produzir dados. As informações também são bens e também necessitam de proteção. O nosso desafio é incentivar a expansão tecnológica conciliando com a proteção de cada indivíduo”, explica Marco Mendes, Especialista em Seguros para Riscos Cibernéticos da Aon Brasil.

CASAS INTELIGENTES: MERCADO EM EXPANSÃO

As casas automatizadas são uma realidade em expansão. Na Europa e nos Estados Unidos, esta tecnologia já representa de 20% a 25% das residências. Entretanto, segundo dados da consultoria Coldwell Banker, os lares digitais serão um mercado dominante em terras americanas até o ano de 2020.

Cada vez mais empresas vêm desenvolvendo sistemas direcionados à gestão domiciliar. Hoje, já é possível destrancar portas, visualizar o monitoramento de câmeras e acionar equipamentos na tela do celular. As Smart TVs e os sistemas de som ambiente são os pontos de partida dos consumidores para a transformação inteligente de seus lares.

Entre praticidade e riscos, as casas inteligentes vêm se tornando um ponto central para um mundo conectado.


Fontes

Aureside

Estadão

Folha