A Covid-19 mudou de forma permanente como pensamos o bem-estar

Ir para outra seção

1o de setembro de 2023


A mais recente Pesquisa Global de Bem-Estar da Aon mostra que empresas em todo o mundo estão cada vez mais focadas no bem-estar de seus colaboradores.

Principais conclusões:

  1. O bem-estar é importante em todas os departamentos de uma empresa e criar um modelo certo de iniciativas pode ajudar a aumentar a resiliência da força de trabalho.
  2. Empresas em todo o mundo estão integrando o bem-estar em suas estruturas organizacionais, deixando de lado uma abordagem isolada de suporte aos colaboradores.
  3. Os empregadores estão desenvolvendo estratégias de bem-estar que atendam às necessidades de seus profissionais de forma interconectada.

VISÃO GERAL

Em todo o mundo, a pandemia da COVID-19 redefiniu os estilos de vida profissional e pessoal. Como resultado, as companhias procuraram apoiar o bem-estar de seus colaboradores. Superado o pior momento da emergência sanitária, vieram os tempos econômicos e sociopolíticos turbulentos de hoje, e as empresas estão percebendo que o bem-estar é igualmente importante agora se suas organizações e forças de trabalho quiserem permanecer resilientes.

A Pesquisa Global de Bem-Estar 2022-2023 da Aon entrevistou líderes de recursos humanos e benefícios de mais de 1.100 organizações. Deste total, 83% têm uma estratégia de bem-estar em vigor, sendo que mais de um quarto dessas empresas implementaram sua nova estratégia de bem-estar nos últimos dois anos. A pesquisa constatou que as empresas que aperfeiçoaram os fatores de bem-estar dos colaboradores, como cultura do local de trabalho, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e pertencimento, melhoraram seu desempenho em até 55%. O estudo buscou entender até que ponto as empresas investem e apoiam o bem-estar, quais foram as mudanças na abordagem do tema e as vantagens que esse investimento pode trazer.

“Muitas empresas estão colocando o foco em seus colaboradores acima de seus lucros”, afirma Max Saraví, head of Health and Talent Solutions da Aon para a América Latina, observando que as corporações estão reconhecendo a importância do bem-estar. “Isso significa que elas admitem que a qualidade de vida das pessoas e seu desempenho no trabalho estão conectados.”

EM PROFUNDIDADE

O bem-estar dos colaboradores abrange muitas áreas, incluindo relações interpessoais, estabilidade financeira e segurança psicológica. Desde a pandemia de COVID-19, preservar esses fatores tornou-se mais importante para os funcionários, e as empresas que perceberam isso estão vendo forças de trabalho mais estáveis, além de melhores retornos no seu desempenho.

O bem-estar da força de trabalho está em alta

Resultados da Pesquisa Global de Bem-estar 2022-2023 na América Latina:

– 80% dos entrevistados afirmam que o bem-estar de seus colaboradores é importante em sua empresa.
– 89% das empresas informam ter iniciativas de bem-estar.
– 83% afirmam ter uma estratégia de bem-estar definida.

Estratégias de bem-estar por setores da indústria e regiões

Saraví observa que a pesquisa da Aon desafiou as suposições sobre a relação entre a cultura da empresa e a priorização do bem-estar dos colaboradores. “Tínhamos a ideia de que os profissionais de culturas voltadas para as pessoas teriam maior tendência a dizer que o bem-estar de seus colaboradores era maior e que sua liderança era mais favorável”, explica Saraví. “Mas, em vez disso, vimos que o posicionamento era praticamente o mesmo em todos os tipos de culturas, o que mostra que o bem-estar é importante em todas as organizações.”

A resiliência de uma empresa está ligada à manutenção da força de trabalho e à cultura dela, e, em todos os setores, o aumento do apoio da liderança e o investimento em ações ajudou a colocar o bem-estar no topo das prioridades de negócios. Outros estudos da Aon mostram que as pessoas têm 1,5 vez mais chances de permanecer com seus empregadores se sentirem que sua qualidade de vida é apoiada na empresa onde trabalha.

Naturalmente, as abordagens às iniciativas de bem-estar podem diferir com base nas necessidades de uma determinada força de trabalho. Os funcionários da linha de frente de uma empresa de manufatura, por exemplo, podem exigir considerações diferentes das dos profissionais de tecnologia. Pequenas organizações podem se beneficiar mais rapidamente desses objetivos do que as grandes, porque podem se comunicar mais facilmente e ter um público mais focado.

Em termos regionais, a América do Norte é líder em bem-estar há algum tempo. A pesquisa também constatou que o Oriente Médio e a África fizeram melhorias notáveis no bem-estar dos funcionários – 48% das empresas nessa região classificaram o bem-estar geral em sua empresa como excelente ou muito bom.

Na América Latina, esse índice é menor: apenas 37% das empresas da região citaram como excelentes ou muito bons os níveis de bem-estar geral (como resiliência, pertencimento e agilidade) dos colaboradores.

Tecendo o bem-estar como cultura do local de trabalho

Mais empregadores estão reconhecendo o fato de que o bem-estar significa focar em todos os aspectos de uma pessoa: sua identidade, saúde mental, emoções, família e muito mais. Assim, em vez de apenas usar programas de bem-estar como forma de reduzir custos com saúde, outras frentes como diversidade, equidade e inclusão (DEI), fatores socioambientais e de governança (também conhecidos pela sigla ESG – Environment, Social and Governance em inglês), segurança e gestão de riscos se tornaram parte das estratégias de bem-estar das empresas. Os estudos de segurança no local de trabalho também estão começando a incorporar componentes de bem-estar emocional e segurança psicológica junto aos riscos de acidente padrão.

Ter muitos funcionários trabalhando em casa também forçou os empregadores a olhar para sua abordagem de bem-estar de maneira diferente. O envolvimento com os colaboradores em um ambiente virtual pode tornar mais difícil – e mais crítico – para os gestores fazerem com que as pessoas se sintam conectadas. A Pesquisa Global de Bem-Estar descobriu que as empresas começaram a medir o sucesso de suas abordagens na área com base na retenção, satisfação e engajamento dos funcionários. Os funcionários que concordam fortemente que sua organização se preocupa com seu bem-estar geral têm cerca de 70% menos probabilidades de procurar ativamente um novo emprego.

Em termos de estratégia geral de negócios e talentos, a pesquisa da Aon mostrou que a integração do bem-estar com a estratégia geral de negócios e talentos aumentou 17 pontos desde 2020. Isso significa que o bem-estar não é mais um programa isolado vindo de um departamento. “O bem-estar tornou-se algo em que toda a organização está envolvida”, observa Leonardo Coelho, head of Health & Human Capital da Aon no Brasil. “Não se trata apenas de programas e iniciativas; trata-se de mudar a cultura e a forma como trabalhamos”, esclarece

Mudando as perspectivas sobre bem-estar

Funcionários de todas as gerações e fases da vida esperam flexibilidade nas opções de trabalho híbrido e presencial. Mudanças nas iniciativas de bem-estar que enfatizam o equilíbrio trabalho/vida pessoal também ajudam a manter os funcionários felizes e engajados. “As novas gerações que entram no mercado de trabalho esperam que o bem-estar faça parte de seu dia”, conta Leonardo Coelho. “Eles esperam que uma organização tenha clima e cultura de bem-estar positivos.”

A pesquisa da Aon descobriu que as organizações estão inovando na entrega de suas iniciativas de bem-estar. Por exemplo, um programa pode atender a várias necessidades ao mesmo tempo, como o de aconselhamento de crédito que auxilia no bem-estar financeiro e emocional. Essas abordagens ajudam a alcançar várias facetas do bem-estar, ao mesmo tempo em que oferecem opções aos funcionários com base em suas necessidades ou preocupações.

Muitos locais de trabalho também estão abordando os determinantes sociais de saúde em suas estratégias, se concentrando principalmente no emprego, comportamentos saudáveis e segurança física, emocional e psicológica. Poucas organizações, no entanto, listaram segurança alimentar, transporte e moradia como parte de sua estratégia, o que pode ser considerado pelos empregadores como uma oportunidade de melhoria em suas ações de bem-estar.

Bem-estar do colaborador coincide com bem-estar da empresa

Acima de tudo, as descobertas da Pesquisa Global de Bem-Estar 2022-2023 da Aon sugerem que o bem-estar dos funcionários está diretamente ligado à resiliência da organização e do indivíduo. Em tempos econômicos incertos, as empresas que protegem suas equipes e criam condições de trabalho sustentáveis e criteriosas podem obter um resultado melhor de sua força de trabalho.

“Se aprendemos alguma coisa nos últimos anos, é que as pessoas são bastante resilientes”, conclui Leonardo Coelho. “Mas elas também precisam sentir que pertencem a algo maior, que são inspiradas por um propósito e que existe certa flexibilidade entre o seu trabalho e sua vida pessoal. Ambos se uniram muito rapidamente em 2020, e separá-los novamente será um desafio. O bem-estar continuará sendo um componente importante para o novo (e melhor) normal em que as empresas se encontrem.”