Aumento da inflação médica para planos de saúde empresarial

Saúde Empresarial: Como Conter os Gastos?

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Visão Geral

Em todo o mundo, a combinação entre envelhecimento da população, disseminação de hábitos prejudiciais e declínio da saúde está aumentando os custos médicos a cada ano. De acordo com a pesquisa Tendências Globais dos Custos de Saúde 2018, o Brasil é um dos países que apresentou o maior aumento nas taxas anuais de tendência médica, ficando atrás apenas da Venezuela, caso excepcional de hiperinflação, dentre os países da América Latina.

Segundo os dados, em 2017, a taxa anual de inflação geral no Brasil era de 6,1% e a de inflação médica, 11%. Isso significa que os custos com saúde estão aumentando muito mais rápido do que a inflação, ou seja, do que outros bens e serviços, e assim, o tratamento médico torna-se claramente mais caro que outros itens.

Já para este ano, a expectativa é de que a taxa de inflação geral no país diminua para 4,3% e que a taxa de inflação médica continue aumentando até 14,7%, valores mais altos que as médias globais (3,1% para inflação geral e 8,4% para inflação médica). Essa variação, principalmente nos preços de serviços de saúde, é um item sensível para a economia dos países, devido ao impacto que tem no orçamento, tanto para as empresas que procuram manter programas de saúde para seus funcionários, quanto para as famílias que possuem esses planos.


Análise

Reajustes dos Planos de Saúde Empresariais

O reajuste médio dos planos de saúde empresariais é uma das principais consequências do aumento da inflação médica nos últimos anos. À medida que novas tecnologias e tratamentos surgem e a frequência no uso do plano aumenta, o valor pago pelas empresas aumenta também.

Essa escalada pode ser causada por diversos fatores, como os avanços tecnológicos, a judicialização, desperdícios na utilização dos planos de saúde empresariais, fraudes e o envelhecimento da população. No entanto, alguns dos fatores podem ser evitados com a simples conscientização dos funcionários. “É importante mostrar como os hábitos podem impactar diretamente no plano de saúde oferecido pela empresa, pois um fator importante que eleva a inflação médica é o desperdício”, declara Rafaella Matioli, Diretora de Consultoria de Saúde e Benefícios da Aon Brasil.

Um bom exemplo disso são as cirurgias. Estima-se que cerca de 20% desses procedimentos poderiam ser evitados se fôssemos mais conscientes na utilização dos planos de saúde, ou seja, se usássemos somente quando fosse necessário, sem exageros no número de consultas e exames.

Plano de Saúde Empresarial: Principais Despesas

De acordo com a pesquisa sobre Tendências Globais dos Custos de Saúde 2018, as doenças não transmissíveis têm um impacto significativo nos custos e no gerenciamento de saúde global.

Na América Latina, as três doenças que mais geram custos para os planos de saúde empresariais são: câncer e tumores, com índice de 86%; diabetes, com 67%; e doenças cardiovasculares, com 62%. Isso se deve ao valor dos medicamentos e procedimentos, assim como o tempo de duração dos tratamentos, que costumam ser contínuos.

Gastos despesas médicas saúde empresarial

Já os fatores de risco mais importantes para a geração de despesas no futuro são: pressão arterial elevada (81%), má nutrição (76%), colesterol alto (62%), obesidade (62%) e falta de atividade física (48%). No entanto, embora todos esses riscos sejam preveníveis, muitas pessoas são negligentes com hábitos alimentares e estilos de vida, sendo o principal motivo a falta de tempo.

De acordo com o último relatório elaborado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), em 2015, seis em cada dez brasileiros não praticam nenhum tipo de atividade física, ou seja, aproximadamente 100,5 milhões de pessoas possuem hábitos sedentários. Além disso, cada vez mais refeições industrializadas e redes de fast food estão presentes no dia a dia da população brasileira. Segundo um estudo feito pela EAE Business School, nos Estados Unidos, o Brasil é o quarto país que mais consome fast food.

“Os custos crescentes e o aumento da prevalência de doenças crônicas são um fenômeno mundial e, se essa tendência se mantiver, independentemente do sistema de saúde, as empresas sofrerão custos corporativos adicionais e perda da competitividade da força de trabalho.
Precisamos, com urgência, desenvolver um modelo assistencial que priorize a saúde e não a doença”, alerta Matioli.

Gestão de Saúde nas Empresas

Depois do salário, os planos de saúde representam o maior gasto que as empresas têm com os funcionários. De acordo com a Pesquisa de Benefícios da Aon, cerca de 99,8% das empresas pesquisadas oferecem seguro saúde aos colaboradores. Na mesma proporção, também aceitam os cônjuges e estendem o benefício aos filhos.

Para evitar o crescimento dos custos médicos conforme o aumento da inflação, as empresas precisam realizar uma gestão eficiente dos planos de saúde e desenvolver ações estratégicas que têm como objetivo a prevenção de doenças e o bem-estar dos funcionários, além de contribuir para a atração e retenção de talentos.

“Diante desse cenário, precisamos tomar algumas ações de curto prazo, como mudanças nas regras de elegibilidade e nas formas de custeio, mas também precisamos pensar em soluções de médio e longo prazo para que o benefício seja sustentável”, afirma Matioli.

Como exemplo, a Aon lançou no Brasil o Movimento Aon pela Vida, programa que procura cultivar um estilo de vida saudável, disseminando hábitos de promoção e manutenção do bem-estar entre a população e, consequentemente, diminuindo o índice de doenças e os gastos com o benefício de plano de saúde empresarial.

“A partir da nossa gestão de risco, comitês estratégicos, programas de saúde e respectivos resultados, percebemos que grande parte das doenças, principalmente as cinco principais patologias, podem ser controladas com medidas preventivas e hábitos de vida mais saudáveis”, explica Marcelo Munerato, CEO da Aon Brasil.

Sendo assim, garantir a sustentabilidade deste benefício é um dos principais desafios enfrentados pelas empresas, que acreditam que a economia inteligente se traduz na oportunidade de investimento em atividades de prevenção de saúde, cujo retorno é medido em termos de satisfação dos funcionários e custos mais baixos para doenças crônicas.


Fontes

Exame

Veja

Pesquisa de Benefícios Aon 2016/2017

Revista Apólice