Inteligência artificial para personalização de serviços

Inteligência Financeira: A Melhor Maneira de Personalizar Serviços

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Visão Geral

Conhecer os clientes, analisar seus hábitos de consumo e o histórico de crédito, entender suas formas de pagamento e necessidades de financiamento, deixou de ser uma opção para tornar-se uma necessidade crescente nas empresas de serviços financeiros.

Estas são as contribuições que a inteligência artificial oferece não apenas para o setor comercial, como também para o mundo financeiro, por meio de seus mecanismos de coleta de dados, ferramentas de análise e consolidação no sistema Big Data. Essa adaptação da inteligência artificial às necessidades do setor financeiro é conhecida como inteligência financeira.

“Inteligência financeira é a identificação e classificação das informações para o desenvolvimento de soluções financeiras baseadas nos padrões de consumo e movimentos históricos, determinando o que é oferecido ao cliente e evitando abordagens de forma exagerada”, afirma Sergio Iván Torres Bustamante, Vice-Presidente de Produtos Financeiros da Aon Colômbia.

Em resumo, a inteligência financeira está no uso de dados para personalizar serviços e oferecer soluções diferenciadas para cada pessoa.


Análise

De acordo com um relatório do Observatório FinTech da Espanha, “os setores bancário e financeiro estão imersos em uma revolução e a inteligência artificial terá um papel importante nisso”.

Atualmente, existem aplicativos que usam inteligência artificial para interagir com os usuários e se adaptar às suas preferências e necessidades. “Os bancos utilizam esses aplicativos para organizar suas operações, investir em títulos e administrar propriedades, bem como para controlar o risco relacionado às atividades ilegais derivadas de informações privilegiadas”, acrescenta o relatório.

Para Sebastián Quiceno Trujillo, Gerente Comercial de Produtos Financeiros e Cyber da Aon Colômbia, “o objetivo é aproveitar as informações disponíveis nas instituições financeiras, no mercado e no comportamento dos usuários para que, por meio da análise dos dados, possam ser gerados novos produtos, padrões de consumo e mecanismos para economizar, incluindo, se for o caso, mecanismos de segurança focados na proteção da forma em que as pessoas gerenciam seus produtos, em seus padrões de consumo e nos canais usados para acessar os serviços financeiros”, afirma o especialista da Aon.

INTELIGÊNCIA FINANCEIRA: NOVOS PÚBLICOS E SERVIÇOS

O uso de inteligência artificial no setor financeiro também reflete o surgimento de um novo segmento de mercado, representado pelos millennials, que causaram uma revolução não só no setor de mão de obra, mas também na prestação de vários tipos de serviços. Assim, por exemplo, os bancos deixarão de oferecer uma conta poupança com características padronizadas para todos os tipos de consumidores.

Bustamante explica que os fiduciários estão começando a oferecer serviços personalizados. “Normalmente, esses serviços ficavam concentrados apenas em investidores ou nas camadas mais favorecidas, e agora os fiduciários estão tentando massificá-los, buscando soluções para pessoas de classe média, nicho do mercado que não era coberto. Esse é um bom exemplo de onde e como a inteligência financeira está sendo aplicada”, diz ele.

Com o exemplo dos fiduciários, os especialistas explicam que, graças à inteligência financeira e à personalização de serviços tornou-se possível a criação de produtos como o crowdfunding, no qual uma instituição financeira online faz com que clientes individuais participem de projetos de investimento imobiliário por meio de aplicações tecnológicas que lhes permitem contribuir para a poupança, entrar em um fundo imobiliário e desenvolver um produto financeiro.

Desta forma, eles personalizam os serviços por meio da aplicação de dados e da revisão dos segmentos em que são aplicados, para finalmente tornar as operações muito mais fáceis e acessíveis para os clientes.

DA SEGURANÇA AO PORTFÓLIO

O uso de inteligência artificial, que tem sido recorrente nas questões sobre segurança cibernética e tendências do consumo, também é útil para mostrar o comportamento das pessoas no sistema financeiro e oferecer-lhes melhores serviços.

“O que as entidades financeiras historicamente têm feito é, por meio do comportamento financeiro, do uso de canais e da transnacionalidade, oferecer aos clientes serviços que se encaixam no que eles fizeram ao longo do tempo, para saber se, por exemplo, eles fazem transações legítimas ou ilegítimas, e com isso gerar sistemas de bloqueios e alertas”, explica Quiceno.

Em sua opinião, a questão da inteligência financeira é baseada em três pilares: treinamento, consultoria e serviços. “E o tópico de serviços tem a ver com a personalização, porque o bom atendimento é dado como resultado da atenção oportuna, que atende às necessidades e fornece suporte personalizado”, acrescenta.

DESAFIOS E RISCOS DA INTELIGÊNCIA FINANCEIRA

Entre as oportunidades e riscos oferecidos pela inteligência financeira destacam-se, de acordo com o site Financial Stability Board (FSB), o processamento mais eficiente das informações, por exemplo em decisões de oferta de crédito, mercados financeiros, contratos de seguros e interações com os clientes. “Tudo isso pode contribuir para um sistema financeiro mais eficiente”, diz o site.

Em termos de riscos, a inteligência financeira também poderia levar a novas formas de interconexão entre os mercados financeiros e as instituições, por exemplo, com base no uso de diferentes instituições de fontes de dados não relacionadas anteriormente. “Os efeitos da rede e a escalabilidade de novas tecnologias podem levar a dependências de terceiros. Isso, por sua vez, poderia resultar no surgimento de novos players sistemicamente importantes, que poderiam ficar fora do perímetro regulatório”, diz o FSB.

Também são mencionados como possíveis riscos a falta de interpretabilidade ou auditabilidade dos métodos da inteligência artificial e da aprendizagem automática, que poderiam se tornar um risco de nível macro. “Como acontece com qualquer produto ou serviço novo, é importante avaliar os usos da inteligência artificial e aprendizagem automática, tendo em vista seus riscos, incluindo a observação de protocolos relevantes sobre privacidade de dados, comportamentos de risco e segurança cibernética”, afirma.

Assim, na Aon “mediante a incorporação do poder da análise de dados e inteligência artificial, investindo em empresas especializadas que nos permitem oferecer qualidade de dados, procuramos personalizar o equilíbrio de nossas soluções para a gestão e transferência de risco, com investimentos constantes de US$350 milhões em todo o mundo, a fim de fortalecer nossas capacidades e tecnologia analítica, contando com o Aon Center for Innovation and Analytics (ACIA) determinaremos comportamentos ou padrões para responder adequadamente aos riscos em evolução”, diz Torres.

DA OPORTUNIDADE À RESPONSABILIDADE

Por sua vez, o portal El Economista menciona que a negociação, a análise financeira e a Internet das Coisas serão os três fatores que mais mudarão nos próximos três anos graças à inteligência artificial. “No entanto, especialistas e executivos do setor bancário pedem uma nova regulamentação por razões como segurança, privacidade e qualidade dos dados”, ressalta o artigo.

Esse mesmo portal indica que a maioria das instituições financeiras considera necessária a existência de uma maior regulação da inteligência financeira, bem como um aprendizado sobre essa tecnologia para que as empresas possam enfrentar os riscos associados ao seu uso.

“A constante evolução tecnológica em que vivemos excede a capacidade de reação dos reguladores financeiros e outros organismos de controle, tanto a nível global como local, por isso os esforços, como os da União Europeia com a adoção do GDPR, são de grande importância para a proteção da informação. Marcos regulatórios, como o acima mencionado, estabelecem uma série de responsabilidades legais, tanto para os indivíduos quanto para as empresas, que o mercado segurador tem tentado assumir, como um mecanismo de transferência de risco”, explica Torres.

Em face destes novos desafios, as instituições financeiras devem procurar aconselhamento, de forma profissional e especializada, sobre a melhor maneira de prevenir os riscos emergentes, com a ajuda de consultorias que também usam inteligência financeira, análise de dados e estatísticas que ajudem a traçar um plano de ação para o futuro.

Deve-se, por exemplo, incentivar o desenvolvimento de produtos para pessoas físicas, que tenham a ver com a mesma inteligência financeira. “Trata-se de oferecer produtos alinhados ou focados nas necessidades financeiras dos clientes por meio de seus próprios dados”, explica Quiceno.

O especialista acrescenta que devemos estar atentos aos sinais do comportamento dos clientes e “se virmos que as pessoas estão procurando sobre investimento ou estão indo para questões relacionadas ao investimento online, é preciso verificar quais produtos podem estar vinculados a esses temas, e assim, oferecer, por exemplo, seguros de vida com poupanças ou uma projeção de investimento”.

Da mesma forma, diante de instituições financeiras, é desejável olhar para questões de responsabilidade profissional, levando em conta se a informação é baseada na inteligência de dados ou se é necessária maior responsabilidade profissional na hora de realizar uma consultoria e oferta de produtos e serviços.

“A partir desse ponto, é extremamente importante que as entidades atualizem constantemente seus mecanismos de gestão e transferência de riscos, minimizando possíveis danos à reputação, perda de clientes, multas e penalidades por entidades reguladoras, entre outros. A introdução de tecnologias e produtos disruptivos, como as criptomoedas, são um exemplo claro de como estas podem impactar os comportamentos de consumo e investimento, tanto dos indivíduos como das organizações, e o desafio é incluir isso dentro dos perímetros de risco de cada entidade”, afirma Torres.

*Este artigo foi traduzido do espanhol