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Drones: uma Revolução Logística

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Visão Geral

O conceito lembra a ideia de brinquedos. Com um controle remoto, uma pequena aeronave ganha os ares. Assim como a internet, os drones foram criados para fins militares, visando auxiliar o monitoramento de áreas por soldados. Entretanto, a tecnologia foi além de seu primeiro uso.

Equipados com câmeras, estes veículos passaram a receber novas funcionalidades. Entregar produtos, mapear áreas selvagens ou registrar avanços de doenças em determinadas regiões. A apropriação desta tecnologia por pessoas e empresas fez com que seu custo reduzisse consideravelmente. Inicialmente vistos como artigos de luxo, chegaram ao Brasil com um preço acima de R$ 100 mil. Hoje, no entanto, é possível construir ou adquirir um por menos de R$ 1 mil.

Mas, ao mesmo tempo em que cada vez mais pessoas têm acesso aos drones, mais se intensificam os debates sobre seu uso. Questões como privacidade e segurança aparecem entrelaçadas com o desenvolvimento desta tecnologia. Cada inovação traz oportunidades e riscos, e cabe aos órgãos reguladores e às seguradoras analisarem as incógnitas que surgirem para garantirem que organizações e sociedade entendam esse cenário tecnológico, que está em constantes mudanças.


Análise

Drones e o Panorama Tecnológico

Os primeiros registros de drones datam entre os anos de 1960 e 1980. Criados pelo engenheiro aeroespacial Abraham Karem, eles auxiliaram o exército americano em operações de terras, sem colocar em risco a vida dos soldados. A concepção de uma nave autônoma, ou seja, sem motorista, com capacidade de monitoramento por meio de câmeras e possibilidade de alcançar locais cujo acesso humano é difícil fez com que esta tecnologia saísse dos cenários de guerra e ingressasse em questões sociais e econômicas.

Entretanto, foram necessárias décadas para que os drones se popularizassem. A partir do ano de 2010, startups começaram a desenvolver veículos que unissem praticidade com baixo custo. A chinesa DJI Technology começou as atividades em 2011, com 90 funcionários e uma receita de US$ 4,2 milhões. Dois anos depois, já possuía 1.240 profissionais envolvidos e um faturamento de US$ 130 milhões.

Aqui no Brasil, uma das ações mais populares com drones ocorreu em 2013. Enquanto o país se mobilizava contra o aumento das tarifas de ônibus, o jornal Folha de S. Paulo utilizou um drone para cobertura aérea em uma das principais manifestações, realizada na Avenida Paulista, em São Paulo. O resultado trouxe, além das imagens, a percepção do público sobre a aeronave: algumas pessoas não souberam identificar o que era a tecnologia que viram no céu, outras acham a medida invasiva e uma terceira vertente de opinião ficou receosa com a possibilidade de queda ou acidente envolvendo o drone.

Quando a principal varejista internacional, Amazon, anunciou testes de entregas com drones, a tecnologia atingiu um patamar de popularidade imensurável. Com a internet, cases de uso das naves passaram a ser compartilhados exaustivamente e o interesse difundido trouxe novas preocupações às nações.

O Mercado de Drones

Assim como as instituições privadas demonstraram curiosidade com a tecnologia drone, países se manifestaram como polos desenvolvedores. A França aprovou uma legislação própria para o tema, em 2013. Já os Estados Unidos, por meio da FAA (Federal Aviation Administration), estipularam um controle dois anos depois.

No Brasil, a lei veio em 2017. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), é proibido o uso de drones sem registro e documentação. O Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil defende que “qualquer objeto que se desprenda do chão e seja capaz de se sustentar na atmosfera está sujeito às regras de acesso ao espaço aéreo brasileiro”.

De acordo com dados da Anac, atualizados até o dia 04 de junho de 2018, existem no Brasil cerca de 43.875 drones registrados, sendo 15.770 destinados a uso profissional e 28.105 para uso recreativo. O estado que possui mais drones é São Paulo (15.138), seguido pelo Rio de Janeiro (5.637) e Minas Gerais (3.847).

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Outro levantamento, realizado pela DroneShow América Latina em 2017, mapeou as empresas que atuam com drones no Brasil. O estudo analisou 700 companhias, apontando que a grande maioria se encontra no estado de São Paulo (35%). Entre as áreas de atuação, as que mais se destacaram foram: Mapeamento e Topografia (70%), Agricultura e Florestal (60%) e Meio-Ambiente/Inspeções de obras e estruturas (50%).

O Futuro do setor

É impressionante imaginar o quanto uma ferramenta, criada para fins de monitoramento e ação militar, ganhou o mundo. Como a internet, não é possível classificar os drones em uma categoria de uso. Não se trata de algo para entretenimento, saúde ou segurança, é um veículo múltiplo, cuja funcionalidade irá variar conforme o objetivo de quem o usa.

Hoje, não é raro encontrar cases científicos, sociais ou de consumo protagonizados por drones. A revolução logística que envolve estes aparelhos questiona o quanto estamos dispostos a custear para termos serviços mais rápidos e inteligentes, seja este custo monetário ou envolvendo questões de privacidade e segurança.

São os drones os responsáveis por entregar comidas a moradores de regiões afetadas por terremotos e tsunamis, auxiliar no monitoramento de residências e áreas urbanas para acompanhar possíveis proliferações do aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue; também cabe à tecnologia disponibilizar de maneira mais rápida kits com desfibriladores às pessoas vítimas de ataques cardíacos, aumentando suas chances de sobrevivência, além de auxiliar no monitoramento de patrimônios arqueológicos, na agricultura e na construção civil.

As possibilidades são quase infinitas. Entretanto, transformar decisões humanas em ações tecnológicas pode ser um movimento arriscado. Os carros autônomos, por exemplo, já foram envolvidos em alguns acidentes graves, e as variáveis entre riscos e avanços se multiplicam à medida com que uma inovação se desenvolve.

Assim como as legislações tentam proteger a sociedade na padronização de práticas e tecnologias, deve-se existir um seguro para financiar os custos quando, por qualquer motivo, a inovação falha. “Os drones apresentam um conjunto inteiramente novo de riscos que são difíceis de medir”, explica Rose Marie Norman, especialista em soluções para riscos nas práticas aéreas da Aon. “Os sistemas das aeronaves não-tripuladas estão avançando constantemente, portanto as aplicações desses dispositivos e os pacotes de seguros disponíveis podem se tornar obsoletos à medida com que a tecnologia em si – assim como seu uso – progride”

Segundo dados do banco de investimentos Goldman Sachs, o mercado de drones movimentará entre 2016 e 2020, cerca de US$ 100 bilhões, sendo US$ 70 bilhões para o desenvolvimento militar, US$ 17 bilhões em consumo e US$ 13 bilhões para o uso comercial, com mudanças previstas nos setores de: construção, agricultura, gás e refinaria, polícia, bombeiros, jornalismo, bolsa de valores, energia limpa, utilidade pública, cinema, entre outros. São revoluções que virão nos próximos anos e necessitarão de debates sobre as leis que nos regem e o que podemos fazer para viver em sociedade com tal avanço tecnológico.


Fontes:

CanalTech

Folha de S. Paulo

O Globo

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