Bem-estar e saúde mental dos funcionários

Como Resolver uma Questão de Trilhão de Dólares: 6 Gatilhos para o Estresse Emocional

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Visão Geral

À medida que mais figuras públicas, como Beyoncé e o príncipe britânico Harry, discutem abertamente suas lutas com a saúde mental, mais atenção está sendo focada nesse crescente problema. Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), pediu às pessoas que encorajem conversas sobre depressão e “ampliem” os serviços de saúde mental. Além disso, campanhas de conscientização, como o “Dia Mundial da Saúde Mental”, criado pela OMS, visam empoderar a questão global de saúde mental e estresse emocional.

Crescimento dos gastos com depressão e ansiedadeAssim como o impacto na saúde geral, o estresse emocional também tem outras implicações: a depressão potencializada pelo isolamento social será a doença mais cara do mundo até 2030, colocando uma pressão enorme sobre os serviços primários de saúde e os empregadores. Só nos Estados Unidos, a depressão e a ansiedade, incluindo as condições simultâneas, custam US$ 210,5 bilhões por ano às empresas.


Análise

O bem-estar e a “condição emocional” dos funcionários estão se tornando questões cada vez mais importantes para as empresas.

A linguagem usada também é igualmente importante se quisermos ajudar a reduzir o estigma em torno do problema. Stephanie Pronk, Vice-Presidente Sênior de Transformação da Saúde na Aon, explica o surgimento do termo: “condição emocional” é um termo novo que pretende reunir aspectos típicos da condição física com os aspectos mentais e emocionais do desempenho humano”.

Adotando o termo “condição emocional” as pessoas serão capazes de ver que há maneiras de aprimorar as suas condições atuais – assim como elas fazem com a condição física.

A previsão é de que, até 2020, a prevalência de problemas de saúde mental – como distúrbios emocionais e dependência de substâncias – supere todas as doenças físicas como a principal causa de incapacidade nos Estados Unidos. O custo dos problemas de saúde mental também está ficando cada vez mais dramático. Globalmente, a depressão se tornará mais comum e, ampliada pelo isolamento social, se tornará a doença mais cara do mundo até 2030. Hoje, os transtornos de ansiedade custam à economia americana mais de US$ 42 bilhões por ano.

Em uma semana normal nos Estados Unidos, 5 milhões de pessoas faltam ao trabalho devido ao estresse e cerca de 4 milhões de dias de trabalho são perdidos devido à depressão. Ao mesmo tempo, 800 mil pessoas visitam um médico por causa de problemas de saúde mental, enquanto 5 milhões de prescrições são feitas para antidepressivos. Todos esses fatores estão tendo um forte efeito no local de trabalho.

Identificar os funcionários que precisam de apoio e fornecer acesso à assistência médica é de extrema importância para manter a saúde mental de toda a equipe.

OS 6 PRINCIPAIS FATORES QUE GERAM ESTRESSE EMOCIONAL

As principais causas do desgaste emocional são os desafios diários que todos nós enfrentamos. Eventualmente, com tempo e intensidade suficientes, o estresse emocional pode aumentar e se transformar em uma ansiedade excessiva ou na incapacidade de lidar com situações difíceis, com as quais temos de lidar todos os dias. Rod Hart, Vice-Presidente de Transformação da Saúde na Aon, descreve seis gatilhos primários que levam ao desgaste emocional no local de trabalho:

  • Estresse nas relações sociais

Uma das principais razões pelas quais os funcionários procuram os Programas de Assistência ao Empregado (EAP) é o estresse decorrente dos conflitos interpessoais, tanto em suas vidas pessoais quanto com os colegas de trabalho. Esse tipo de estresse destaca a necessidade de os colaboradores aprenderem a como se comunicar de maneira assertiva e saudável, bem como compreender e promover habilidades de resolução de conflitos.

  • Isolamento Social

Embora passar um tempo sozinho seja muitas vezes importante para as pessoas relaxarem e refletirem, a interação social pode ser igualmente importante. No entanto, as pessoas estão aparentemente se sentindo mais isoladas, em parte por causa da tecnologia e os dispositivos móveis. As redes sociais, em particular, podem estar levando as pessoas a se sentirem mais isoladas enquanto dão a ilusão de interação social.

  • Problemas crônicos relacionados ao trabalho

A Associação Americana de Psicologia (APA) descobriu que 65% dos americanos citaram o trabalho como uma das principais fontes de estresse. Esse tipo de estresse não necessariamente “acaba” quando os funcionários vão embora para casa e, por isso, podem causar sérios danos físicos e mentais. Há muitos fatores que contribuem para o estresse relacionado ao trabalho, desde jornadas excessivas até a falta de engajamento. As jornadas são particularmente um elemento mensurável, e com isso as organizações podem considerar a implementação de políticas para ajudar na monitoração do tempo de trabalho.

  • Finanças pessoais

Dificuldades no trabalho causadas por problemas de saúde mentalUm estudo recente da PWC descobriu que mais da metade dos trabalhadores relatam estar estressados por motivos econômicos. Isso está levando mais empresas a implementarem “programas de bem-estar financeiro” que visam ajudar seus funcionários a gerenciar adequadamente seu dinheiro e estabelecer hábitos financeiros mais saudáveis.

  • Falta de gentilezas sociais

Pequenas coisas podem fazer uma grande diferença. Conforme as empresas se tornam mais globais e dependentes da tecnologia para a comunicação entre equipes, existe a percepção de que o trabalho está se tornando menos pessoal. A falta de gentilezas, como o reconhecimento do esforço necessário para concluir uma tarefa urgente, pode criar um local de trabalho onde os colaboradores se sintam desconectados. Aqui, a cultura corporativa desempenha um papel importante – e as mudanças precisam ser implementadas de cima para baixo, com a equipe sênior liderando pelo exemplo para criar um ambiente que seja acolhedor para todos os funcionários.

  • Diferenças entre as gerações

Numa época em que a tecnologia está evoluindo rapidamente e as startups têm colaboradores mais jovens, as diferenças entre as podem ser a causa da divisão no local de trabalho. Uma maneira de impedir isso é promover a comunicação apropriada no local de trabalho.

OBSTÁCULOS NO PROGRESSO

Indivíduos que sofrem de problemas de saúde mental e estresse emocional ainda enfrentam o desafio de não serem diagnosticados. Independentemente do progresso feito para acabar com o preconceito, as conotações negativas relacionadas à saúde mental ainda existem quando alguém admite que tem um problema: algumas pessoas não querem parecer fracas e temem que isso possa custar-lhes o emprego ou prejudicar a relação com os colegas de trabalho. No entanto, esse estigma geralmente acontece nos dois sentidos. Os empregadores também podem ser excessivamente cautelosos sobre ultrapassar os limites pessoais dos funcionários quando a questão é ajuda-los.

“Uma grande parte do tratamento da saúde mental dos colaboradores é normalizá-lo”, explica Hart. “Por causa do estigma, há muita preocupação por parte dos gestores, bem como aqueles que trabalham no RH – que temem que possam piorar a situação”.

Muitas vezes, as empresas não estão preparadas para lidar com colaboradores que lutam com problemas relacionados à saúde mental. Hart explica: “em pesquisas recentes, vimos que cerca de 60% dos supervisores e gerentes dizem que não têm as habilidades necessárias para começar a abordar os problemas relacionados com a saúde mental – especialmente no que se refere aos desafios do local de trabalho”.

INVESTIR EM SAÚDE MENTAL: UM PLANO DE NEGÓCIO

Talvez o mais forte argumento para o investimento no bem-estar emocional dos funcionários seja o aumento da produtividade e o impacto que a saúde mental tem nos custos das empresas. As despesas médicas de um funcionário com depressão são 48% mais altas do que um funcionário sem a doença, equivalendo a uma média de 5,6 horas de trabalho por semana – cerca de 15% de uma semana de trabalho normal, com 40 horas.
Investimento em saúde e bem-estar dos funcionários

Embora o absenteísmo causado por problemas na saúde mental seja um problema, até mesmo o “presenteísmo” – quando os funcionários estão em suas mesas, mas estão desengajados e improdutivos – pode afetar a produtividade. “Se você comparar a rotatividade de uma empresa que tem uma estratégia de bem-estar e saúde mental para os colaboradores com uma empresa comum, há uma diferença de 30%”, diz Hart, “indicando que um investimento em bem-estar emocional afeta o desempenho no trabalho”.

Quando os impactos diretos e indiretos dos transtornos mentais são considerados, fica claro que o investimento no bem-estar mental e emocional dos funcionários compensa.

De acordo com Hart, algumas soluções que as empresas podem tomar para ajudar a promover um melhor “bem-estar mental” em seus locais de trabalho são:

  • Reduzir o estigma em torno da saúde mental: crie uma carta de “condicionamento emocional” como estratégia para aumentar a conscientização, reduzir o estigma, fomentar um clima de confiança e aumentar a participação em atividades de bem-estar mental e emocional.
  • Entender e direcionar os gatilhos do local de trabalho: avalie seu ambiente de trabalho para identificar as questões que tenham um impacto negativo na saúde mental e emocional dos funcionários.
  • Garantir o treinamento adequado: treine seus líderes e gerentes para identificar os sinais mais sutis de alerta de um funcionário em dificuldades, identificar oportunidades para oferecer apoio e levar os funcionários aos serviços disponíveis de ajuda. Pratique os 3Rs: reconhecer, responder e referir.
  • Oferecer intervenções de apoio: promova aulas ou seminários nas quais os funcionários possam aprender sobre resiliência ao estresse, técnicas de atenção plena e outras habilidades para se manterem emocionalmente saudáveis.

Pronk afirma: “considerando que seja verdade que o trabalho e o ambiente de trabalho possam gerar estresse e problemas para a saúde emocional dos funcionários, também parece que o ambiente pode ter um efeito positivo quando a condição emocional se torna um dos focos para geração de impactos positivos.”

Se o resultado das ações positivas é remover ou reduzir o estresse no local de trabalho, os benefícios podem ser vistos por toda a empresa – incluindo um aumento no engajamento e na produtividade dos funcionários. A longo prazo, um ambiente mais feliz e menos estressante pode até contribuir para a melhoria da saúde física de seus funcionários.

*Este artigo foi traduzido do inglês