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Carros Autônomos: Da Ficção Para a Realidade

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Visão Geral

A ficção científica sempre gostou de brincar com a ideia de carros inteligentes. No final da década de 60, os estúdios Disney apresentaram ao mundo o carismático e genioso Fusquinha Herbie, no filme “Se Meu Fusca Falasse”. O carrinho se auto pilotava e ainda deixava suas manchas de óleo em qualquer um que o insultasse. Não havia, no entanto, uma explicação clara para o seu comportamento. Ele era tratado como um ser vivo, com personalidade e, inclusive, tinha vontade própria.

Nos anos 80, a série de TV “A Super Máquina” também apostou no conceito de carro inteligente. Mas, ao contrário de Herbie, o Pontiac Trans Am, chamado Kitt, tinha sua personalidade atribuída a um poderoso computador de bordo dotado de um sistema de inteligência artificial. Esse equipamento tinha a capacidade de fala e era totalmente à prova de balas, e o carro ajudava o seu condutor, Michael Knight, a combater o crime nos Estados Unidos.

Essas ideias poderiam parecer absurdas há algumas décadas, mas a evolução tecnológica mostrou que a ficção não estava tão distante assim da realidade. De 2017 a 2035, 76 milhões de veículos autônomos terão sido vendidos e estarão em circulação nas ruas e avenidas dos grandes centros urbanos. Apenas em 2035, outros 21 milhões de carros inteligentes deverão reforçar essa frota. Ou seja, em menos de 20 anos, quase 100 milhões de carros guiados por computadores estarão dividindo espaço com os motoristas. As previsões são da consultoria inglesa IHS Automotive.

A mudança está chegando, mas o que as pessoas precisam saber? O que este novo mundo de veículos sem motoristas significa para a indústria automobilística, para o seguro, para a economia, e para a sociedade como um todo?


Análise

Veículos autônomos: uma realidade próxima

De acordo com uma pesquisa da Ernst & Young, até 2035, 75% da frota mundial de carros em circulação será composta por carros inteligentes, mais conhecidos como carros autônomos. Os dados são expressivos e mostram que essas mudanças devem acontecer em um espaço relativamente curto de tempo, em cerca de 17 anos já teremos mais da metade dos carros dirigindo-se sozinhos.

Seguros para carros autônomos

Previsão vendas carros autônomos
Esse cenário traz novas complexidades e provoca alguns questionamentos em relação a avaliação de riscos usada pelas seguradoras. Por exemplo, em caso de uma batida envolvendo um carro autônomo e um condutor humano, quem será responsabilizado, o homem ou a máquina? Além disso, como vão funcionar os seguros de automóveis? Haverá um novo seguro para veículos autônomos, novas condições para os seguros tradicionais? Como as seguradoras vão calcular os riscos?

A culpa ainda vai depender de quem desobedeceu a legislação de trânsito, quem provocou a batida e, em último caso, quem bateu no outro. Mas se o veículo autônomo for o culpado, o proprietário não poderá ser responsabilizado. Ele não é o condutor, o erro não foi dele. Só haveria culpa em caso de negligência na manutenção da tecnologia que controla o automóvel. Ou seja, os fabricantes estarão mais expostos aos riscos de acidente.

Atualmente, as montadoras já possuem um certo nível de exposição ao risco em acidentes provocados por falhas mecânicas, mas esses casos correspondem a menos de 5% do total, de acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária. Em um cenário com maioria de carros autônomos, esse número deve crescer consideravelmente.

Os carros sem motoristas são mais seguros, então, os valores pagos pelos proprietários para as seguradoras devem ser mais baixos. Por outro lado, caso esses veículos se envolvam em acidentes, os custos de reparos provavelmente serão mais altos, já que a tecnologia embarcada é muito mais moderna (e mais cara!).

A tecnologia presente nos carros autônomos deve tornar muito mais simples a apuração dos acidentes. Os veículos irão registrar tudo que acontece em seus sistemas, de forma semelhante à caixa preta de um avião. Em caso de colisão, a seguradora dependerá muito menos da versão dos envolvidos para entender o que aconteceu e quem foi responsável.

Desde 2016, a Aon vem realizando testes tecnológicos com carros autônomos nas estradas da Holanda, para explorar questões de segurança. “Os testes buscam determinar se o uso do Controle de Cruzeiro (Adaptive Cruise Control), da Assistência de Manutenção de Pista (Lane Keeping Assist) e do Aviso de Ponto Cego (Blind Spot Warning) contribuem para um melhor fluxo de tráfego, menos estresse e uma experiência de direção mais segura”, explica Evert-Jeen van der Meer, diretor do setor de indústria automotiva da Aon Holanda. “Estes estudos contribuirão também para encontrarmos uma solução nas questões de seguros e responsabilidades, em relação a transportes totalmente ou semi-automatizados”.

Novos Riscos no uso de Carros Inteligentes

Com sistemas de computador determinando o funcionamento de máquinas que podem ter 850 quilos a 1,5 tonelada, os fabricantes vão precisar levar em consideração um risco totalmente novo: o risco cibernético. Se um hacker for capaz de invadir esse sistema, o potencial para causar danos é imenso. Isso quer dizer que, assim como os nossos computadores, nossos carros precisarão de firewalls.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por ano morrem cerca de 1,25 milhão de pessoas envolvidas em acidentes automotivos todos os anos. Na média, são 3.287 mortes por dia. Para não falar dos 20 a 50 milhões de feridos em batidas de carros. Os carros autônomos estão menos suscetíveis a erros e totalmente livres de emoções, o que poderia garantir uma redução drástica nesse número.

Carros autônomos: consequências do processo de automatização

Por outro lado, como em todo processo de automatização, a revolução tecnológica dos carros inteligentes ameaça os empregos de centenas de milhares de trabalhadores. Taxistas, caminhoneiros, motoristas de ônibus e motoristas particulares podem perder seu ganha pão.

A indústria automobilística também pode sofrer uma profunda transformação no seu modelo de negócios. As novas gerações estão muito mais propensas a utilizar serviços de táxi do que comprar seus próprios carros. Dificilmente, os milennials vão adquirir carros autônomos particulares. Ou seja, o público consumidor das montadoras deverá ser, mais do que nunca, corporativo.

Além disso, essas empresas não desenvolveram, até o momento, o conhecimento necessário para produzir sozinhas esses veículos. Ao invés disso, elas devem apostar em parcerias com as gigantes de tecnologia. Essa tendência já está se confirmando. A BMW já fechou acordos com a Apple, a Volvo com a Microsoft, a Fiat com o Google, o Uber com a Universidade Carnegie Melon e a GM com a Lyft.

Essas parcerias podem trazer benefícios para ambas as partes. Enquanto os gigantes do Vale do Silício oferecem a tecnologia digital necessária para desenvolver esses projetos, as montadoras cuidam da manufatura e distribuição dos carros do futuro.


Fontes

IDG Now

Ernst & Young

Opera Mundi

Observatório Nacional de Segurança Viária

The One Brief