Causas e consequências do absenteísmo no trabalho

Absenteísmo e Presenteísmo: Contingências Trabalhistas Que Podem Ser Evitadas

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Visão Geral

A variação dos preços de saúde é um item sensível para a economia dos países devido ao impacto que tem sobre o orçamento tanto de empresas que buscam manter programas de saúde para os seus empregados, quanto das famílias que contam individualmente com esses planos.

De acordo com Rafaella Matioli, Diretora de Consultoria de Saúde e Benefícios da Aon Brasil, “o contínuo aumento das taxas de inflação médica global está ligado a fatores como o envelhecimento global da população, as condições precárias de saúde em países emergentes, mudanças dos custos em programas sociais e o aumento da utilização nos planos de saúde”.

O aumento de custos para as empresas pode estar diretamente relacionado ao aumento do uso dos planos de saúde, ou até mesmo ao impacto que o funcionário ausente gera para a organização, seja pela redução da produtividade, atrasos no atendimento ou outros fatores.


Análise

Todos os anos milhares de dias de trabalho são perdidos como resultado do absenteísmo, independentemente se a causa é médica, de trabalho ou se a doença alegada pelo colaborador é real ou não.

O Brasil não é exceção, de acordo com a análise exploratória feita pela Aon Brasil em uma empresa participante, um colaborador ausente gera um custo de R$ 67,50 a cada hora de trabalho perdida, considerando salários, encargos e produtividade.

Ao analisar esse dado, é possível entender o alto impacto que o absenteísmo gera nas organizações, independentemente do cargo e posição do colaborador ausente. Segundo Sandra Gaitán, Diretora Médica da Aon Colômbia, “a ausência de qualquer trabalhador, independentemente do papel que desempenha, desencadeia consequências negativas dentro da organização, porque gera um atraso nas tarefas, aumenta a carga de trabalho dos outros funcionários, diminui a qualidade do atendimento, gera estresse e impacta na produtividade e eficiência dos processos estabelecidos”.

PRESENTEÍSMO: UMA NOVA FORMA DE ABSENTEÍSMO NO TRABALHO

Um fenômeno relacionado com a ausência dos trabalhadores, chamado de presenteísmo, também passou a ser analisado. “O trabalhador presenteísta pode ser definido como “estar sem estar”, ou seja, aquele que vai trabalhar obrigado, com medo de ter sua posição perdida”, afirma Gaitán.

Nível de engajamento dos funcionários na América Latina

O presenteísmo é frequentemente associado à desmotivação, baixo salário, falta de estabilidade no emprego e à tendência de permanecer no local de trabalho, mesmo que já tenha terminado suas tarefas, por medo de ser demitido.

“Ainda existem empresas que medem a produtividade de seus funcionários por meio do cumprimento de horários, por isso, nessas empresas o presenteísmo pode ser mais evidente do que naquelas em que existe maior flexibilidade, incentivos, bonificações, reconhecimento, liderança positiva e clima organizacional adequado”, afirma a especialista.

Principais fatores motivadores para o engajamento dos funcionários na América Latina

ADOÇÃO DE HÁBITOS SAUDÁVEIS COMO SOLUÇÃO

Hoje, o ambiente em que os funcionários se movimentam tornou-se mais relevante para as organizações. “Há um grande interesse em promover ambientes saudáveis para melhorar a capacidade de trabalho do capital humano, reduzir o absenteísmo e diminuir o risco de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, que estão diretamente relacionadas com o estilo de vida das pessoas”, explica Gaitán.

Segundo a mesma análise exploratória feita em uma empresa participante da pesquisa, as doenças que mais causaram absenteísmo no período de 24 meses foram: as doenças do aparelho respiratório, com 10.598 dias de trabalho perdidos; as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, com 10.155 dias; e as doenças do aparelho digestivo, com 5.845 dias.

Grande parte das doenças citadas podem ser causadas, principalmente, por hábitos de vida pouco saudáveis, que em alguns casos podem gerar até “fadiga crônica”, como é o caso das doenças musculoesqueléticas, definidas como o acúmulo de sintomas derivados do estresse e do ambiente de trabalho ou familiar.

A solução está na articulação de esforços com o sistema previdenciário para o desenvolvimento de programas de vigilância epidemiológica que gerem a cultura do cuidado e prevenção na população, além de estimular, dentro das organizações, a adoção de estilos de vida mais saudáveis.

“Hoje, gerenciamos mais de 2,7 milhões de vidas e a partir da nossa gestão de risco, comitês estratégicos e programas de saúde, percebemos que grande parte das doenças podem ser controladas com medidas preventivas e hábitos de vida mais saudáveis. Cerca de 90% dos casos de câncer, por exemplo, se descobertos na fase inicial são curáveis e podem custar até dez vezes menos que o tratamento em estágio avançado”, afirma Marcelo Munerato, CEO da Aon Brasil.

Sendo assim, como grande parte dessas doenças são suscetíveis à prevenção e melhoria por meio da adoção de hábitos alimentares saudáveis e prática de atividades físicas, a elaboração de programas de saúde e bem-estar nas empresas pode ter um impacto positivo nos negócios, acarretando não só na redução do absenteísmo no trabalho, mas também na motivação do funcionário e no aumento da produtividade.

Desta forma, os maus hábitos e o consequente aumento no uso dos planos de saúde serão as principais causas do crescimento dos custos médicos globais ao longo de 2018, tornando cada vez mais importante que as empresas implementem programas de prevenção de doenças, como o ONPREV, e a promoção de hábitos de vida mais saudáveis.

*Este artigo foi adaptado do espanhol